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Japão reconstrói as suas cidades com tecnologias limpas

Seis municípios devastados por tsunami, terremoto e acidente nuclear fazem parte do projeto "Ecocities"

Até 2030, todos os prédios erguidos no país devem produzir a própria energia e não emitir gases-estufa

ANDREA VIALLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Seis cidades japonesas que foram devastadas após o terremoto e o tsunami que ocorreram em março de 2011, na região de Fukushima, estão sendo reconstruídas com base nos preceitos da economia verde. A experiência será mostrada em evento paralelo durante a Rio+20.

O plano do governo japonês é combinar tecnologia de ponta em edifícios sustentáveis, sistemas inteligentes de transporte público e até obtenção de energia geotérmica (do centro da Terra) para abastecer casas e empresas.

Kamaishi, Ofunato, Higashi-Matsushima, Iwanuma, Shinchi e Minamisoma fazem parte do projeto "Ecocities", uma espécie de laboratório do governo japonês com o objetivo de aplicar tecnologias de baixo carbono ao urbanismo. Isso inclui, em alguns casos, o redesenho completo de alguns municípios.

É o caso da cidade de Higashi-Matsushima, a 400 km de Tóquio, uma das mais devastadas pelo desastre: 60% do seu território foi alagado após o tsunami. Com pouco mais de 40 mil habitantes, todo o espaço urbano hoje está sendo remodelado.

As áreas residenciais foram realocadas em distritos, e também foi criada uma zona de geração de energia renovável. O plano é produzir energia com painéis solares e incineração de resíduos e biomassa. As áreas agrícolas do município também estão sendo recuperadas.

A cidade de Kamaishi, também em reconstrução, terá geração de energia de resíduos de madeira e também turbinas eólicas. Todas as seis cidades terão sistemas de distribuição inteligente de energia, o chamado "smart grid". As casas terão medidores de eletricidade conectados à internet, que informarão às centrais o padrão de consumo das residências, minimizando desperdícios.

"O Japão está aprendendo várias lições com o terremoto. Uma delas é que é possível reconstruir cidades com maior resiliência a desastres, com baixo impacto ambiental e respeitando as necessidades de uma população que está envelhecendo", afirma Takashi Hongo, pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos Globais de Mitsui. A organização presta consultoria ao governo japonês nas áreas de estratégia e sustentabilidade.

Hongo virá à Rio+20, a convite da Embaixada do Japão, mostrar a experiência japonesa de reconstrução das cidades. Espera ainda atrair parceiros para investir no programa.

EMISSÃO ZERO

O plano japonês é que as tecnologias de baixo impacto ambiental que estão sendo aplicadas nas seis cidades atingidas pelo terremoto sejam aplicadas em todo o país. A vedete do programa são prédios inteligentes, chamados de ZEBs (Edifício Emissão Zero, em inglês).

São construções que combinam o que há de mais novo em tecnologias de baixo carbono e produzem a energia que consomem, com painéis solares, turbinas eólicas e até bombas geotérmicas. O projeto ZEB envolve pesquisadores de vários países, como Noruega, Cingapura e Estados Unidos.

O Ministério de Economia, Indústria e Comércio do Japão elaborou uma estratégia para que até 2030 todos os novos prédios construídos no país tragam o conceito ZEB. "O objetivo também é buscar programas de cooperação internacionais para difundir o ZEB mundo afora", diz Takashi Hongo.

O projeto também tem o objetivo de gerar negócios para empresas de tecnologia japonesas, na avaliação de Hazem Galal, especialista em urbanismo da consultoria PricewaterhouseCoopers. "As empresas japonesas estão oferecendo todas as tecnologias verdes que têm para apoiar o governo na reconstrução", diz Galal.

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