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Coreia do Sul lança sua 'corrida ao verde' País destinou 2% de seu PIB a investimentos em tecnologia limpa nos últimos anos; setor privado também avança Coreanos querem virar grandes exportadores de carros elétricos, painéis de energia solar e baterias recarregáveis
ENVIADO ESPECIAL A SEUL A Coreia do Sul tem pressa de largar na frente na corrida pela economia verde. O país estabeleceu como plataforma de governo, em 2008, políticas como o "me-first" ("eu primeiro") e o "early mover" ("mexer-se cedo"). São iniciativas de quem quer ser pioneiro no mercado de "green growth", o crescimento verde, e tornar-se referência internacional no setor. Em entrevista à Folha, em março, Gro Brundtland -mãe do termo "desenvolvimento sustentável"- apontou a Coreia do Sul como possível líder dessa proposta. É o balanço que o governo coreano -previsivelmente, claro- também faz às vésperas de trazer sua comitiva ao Brasil para a Rio+20. "A vantagem é nossa", declara Soogil Young, chefe do Comitê Presidencial de Crescimento Verde. "Preparados para esse mercado, estaremos aptos a liderá-lo." A Coreia destinou 2% do PIB para o investimento verde no último quinquênio. É o dobro do mínimo recomendado pela ONU. O setor privado acompanhou o esforço, com os 30 maiores grupos do país aumentando em 75% os investimentos em negócios verdes no período entre 2008 e 2010. A Coreia espera que, por ter se planejado, possa exportar no futuro produtos e expertise em áreas como carros elétricos, baterias recarregáveis e painéis solares. Soogil, no entanto, lembra que essas são pesquisas "de longo tempo de gestação". Além disso, "o financiamento verde não é simples, e os bancos ainda não sabem como estipular os riscos". O governo entra, dessa maneira, com projetos de emissão de títulos, benefícios tributários e fundos -tudo específico para a área verde. Soogil nota que a Coreia, nesse esforço esverdeado, "pensa como os europeus". A comparação é para se opor aos Estados Unidos, que "não são mais capazes de servir de exemplo", afirma. Na "corrida ao verde", diz Soogil, o que vale é ter fortes lideranças -em vez de um sistema político travado, como o americano. Daí a vantagem coreana, e daí as possibilidades brasileiras também. "Mas temo que o Brasil relute em aceitar o crescimento verde como a solução para o desenvolvimento sustentável. O Brasil diz que não estamos preocupados com a pobreza, e está certo, mas isso não quer dizer que o verde não seja necessário." Os países pobres, afinal, "são os primeiros a sofrer com a mudança climática". Nações como Argélia, Tailândia e Marrocos parecem saber disso, aponta. Os três procuraram o comitê para o intercâmbio de "know-how" referente ao projeto de restauração de rios coreanos, o chamado Four Rivers Project. NAS ÁGUAS A Folha visitou barragens no rio Han, erguidas para controlar o fluxo da água, impedir enchentes e gerar energia elétrica. Os peixes, "que precisam migrar", ganharam uma passagem especial no projeto. Ali, a pressa coreana em ser referência no setor contrasta com o cenário rural e os funcionários que explicam, devagar, o funcionamento do mecanismo todo. A arquitetura é inspirada em um relógio de sol inventado pelo rei Sejong (1347-1450), louvado pela introdução do alfabeto coreano. A reportagem percorreu as margens do rio em uma bicicleta, a convite do governo. O meio de transporte não foi escolhido por acaso -a Coreia espera aumentar de 1,5% (2009) para 10% (2020) a porcentagem da população que se desloca em magrelas. O projeto prevê ciclovias nas margens dos principais rios do país. Interligados, os caminhos somarão centenas de quilômetros. A ciclovia no rio Pinheiros tem cerca de 20 quilômetros de extensão. O jornalista DIOGO BERCITO viajou a convite do Ministério de Cultura, Esportes e Turismo da Coreia do Sul Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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