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Cúpula da ONU vira 'obsessão' para Dilma

NATUZA NERY
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff puxou boa parte da organização da Rio+20 para o Palácio do Planalto e transformou o evento em uma de suas obsessões, afirmam interlocutores do governo envolvidos com o tema.

Dilma supervisiona pessoalmente a estrutura da conferência e chegou até a analisar o mapa de chegada dos chefes de Estado, calculando com a caneta o tempo de aterrissagem para evitar que os voos se sobrepusessem e tumultuassem a chegada de delegações estrangeiras.

O Itamaraty é o responsável pela Rio+20. Mas, internamente, há uma avaliação no governo de que o ministério cometeu erros de organização. Um deles foi a licitação da empresa que tocaria a hospedagem dos convidados.

Para os envolvidos, uma baixa exigência no edital não evitou alta considerada abusiva nos preços das diárias, e acabou levando o Planalto a fazer uma intervenção branca para reduzir os valores.

Por críticas à atuação da diplomacia, a Casa Civil foi acionada para ajudar na preparação, inclusive enviando servidores da burocracia federal ao Rio para checar as condições de estrutura.

Em um outro sinal do "estilo Dilma"-o de exigir duramente providências e de tocar a microgestão do governo no lugar das áreas responsáveis-, a presidente chegou a opinar sobre quais palestrantes seriam chamados e até definiu ela própria alguns dos temas das mesas de debates do evento.

No mês passado, o governo reuniu ministros para uma imersão num sábado. Uma equipe de mais de dez autoridades do primeiro escalão passou o dia analisando um calhamaço de fichas com fotos e breve biografia dos possíveis palestrantes para decidir quem seria chamado.

Em maio, Dilma demonstrou extrema contrariedade ao saber que algumas delegações desistiam de participar da Rio+20 por conta dos preços proibitivos dos hotéis. Determinou, à época, que a Casa Civil cobrasse a redução das tarifas. Diante da resistência oficial do setor, ao lado da empresa que venceu a licitação -Terramar-, decidiu jogar duro, chamando representantes da Polícia Federal e da Anvisa para participar de uma das reuniões.

O objetivo era passar o recado velado de que, se os hotéis não reduzissem os preços, haveria uma intervenção real no setor.

Dilma cobra quase diariamente sua equipe para garantir quórum e participantes de peso à conferência. Usa parte do expediente para reforçar convites aos chefes de Estado. Telefonou ao novo presidente da França, François Hollande, e ao recém-eleito na Rússia, Vladimir Putin.

Também conversou com o primeiro-ministro do Japão, que prometeu reavaliar a decisão de não comparecer.

Com o chinês Hu Jin Tao, convenceu-o não só a desembarcar no Rio como a encontrá-la em Brasília, após uma visita já agendada ao Chile.

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