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Astronautas da China chegam a estação

Pela primeira vez, nave do país se acoplou a um módulo orbital também chinês, o Tiangong-1 (Palácio Celestial-1)

Missão também foi comemorada por levar a primeira mulher da nação ao espaço; mídia estatal louvou o feito

Associated Press/Xinhua
Astronautas Liu Wang, Liu Yang e Jing Haipeng passeiam pelo módulo orbital chinês
Astronautas Liu Wang, Liu Yang e Jing Haipeng passeiam pelo módulo orbital chinês

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Em meio a uma intensa cobertura da imprensa estatal, uma tripulação formada por três astronautas da China realizou ontem com sucesso seu primeiro acoplamento com um módulo em órbita.

A China é o terceiro país a ter êxito na empreitada, depois de EUA e Rússia. A união da cápsula Shenzhou-9 ao laboratório espacial Tiangong-1 (Palácio Celestial-1) ocorreu às 14h07 locais (11 horas à frente do horário de Brasília), menos de dois dias depois do lançamento, sábado à noite.

Os tripulantes só puderam entrar no laboratório duas horas após a acoplagem, feita automaticamente. A operação foi transmitida em tempo real pela TV estatal chinesa por meio de fotos.

Entre os tripulantes está a piloto da Força Aérea chinesa Liu Yang, 33, a primeira mulher do país em órbita.

A quarta viagem tripulada da China ao espaço deve durar 13 dias. Nesse período, os astronautas planejam fazer uma acoplagem manual, como preparação para o ambicioso projeto de construir uma estação espacial.

Nesse aspecto, a China ainda está bem atrás da Rússia e dos EUA. O Tiangong-1, em órbita desde setembro, é um módulo experimental, e não parte de uma futura estação.

O programa espacial chinês tem sido usado pelo governo como uma demonstração de que o país, conhecido pela manufatura barata, também está conseguindo desenvolver tecnologia de ponta.

Nos relatos da imprensa estatal, detalhes sobre a missão incluem até os tipos de molho de comida disponíveis.

O diretor do Centro de Astronautas da China, Chen Shanguang, chegou a dizer que colocou "pequenas surpresas" dentro do laboratório para que os astronautas possam passar o tempo.

A preocupação com a imagem do programa espacial do país tem sido constante para o governo chinês. Na volta da primeira missão tripulada, em 2003, o astronauta Yang Liwei estava com o rosto ensanguentado porque feriu o lábio na reentrada.

Yang teve o rosto rapidamente limpo e entrou de novo na cápsula para, em seguida, encenar a aterrissagem para as câmeras da estatal CCTV. A história só foi revelada em 2010.

Com a primeira astronauta, as exigências para seleção incluíram dentes perfeitos e ausência de cicatrizes e de mau hálito.

DESCONTENTES

Apesar do ufanismo estatal, milhares de internautas comentaram nas redes sociais a discrepância entre o envio da primeira astronauta e o escândalo recente de uma mulher obrigada a abortar aos sete meses de gravidez por desrespeitar as draconianas leis de controle de natalidade da China.

"Podemos mandar uma mulher astronauta para o espaço e podemos forçar uma camponesa a abortar seu feto de sete meses. Esse é o melhor retrato do triste estado do país: glória e sonhos junto com humilhação e desespero", escreveu no weibo (Twitter chinês) um internauta com o pseudônimo Finja.

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