Descoberta complica escolha de vencedores do Nobel

	Denis Balibouse/AP
	Cientistas participam do anúncio da descoberta do bóson de Higgs ontem, em Genebra, na Suíça; evento foi transmitido ao vivo

A possível comprovação do bóson de Higgs é uma boa notícia para os físicos, mas uma terrível dor de cabeça para o comitê do Nobel. Alguém irá levar o célebre prêmio pela descoberta, mas quem merece o crédito por isso é difícil de determinar.

Para chegar ao resultado apresentado hoje, foram dois grupos de pesquisa trabalhando no Cern, o que totaliza milhares de pessoas. Mas esse é só um dos problemas do comitê do prêmio.

É mais provável que a láurea fique com os físicos teóricos que trabalharam na construção do conceito. E é aí que tudo se complica.

PATERNIDADE

Tradicionalmente, são apenas três vencedores por ano, uma regra antiga que vem do tempo em que a ciência era feita por indivíduos sozinhos ou grupos pequenos.

Trabalhando de forma independente, três grupos de cientistas publicaram artigos similares em 1964, cuja divulgação foi separada por poucos meses. Peter Higgs, que emprestou seu nome à partícula em 1972, foi o segundo a publicar um artigo sobre o assunto. O primeiro saiu em agosto de 1964, assinado por Robert Brout e François Englert, da Universidade Livre de Bruxelas,

Higgs, porém, foi o primeiro a citar explicitamente a possibilidade de existência de uma nova partícula, que explicaria como a massa da matéria seria formada.

Brout morreu em 2011, o que o exclui da premiação, pois o Nobel não faz homenagens póstumas.

Já o terceiro time inclui os cientistas americanos Dick Hagen e Gerry Guralnik e o britânico Tom Kibble.

Ou seja, cinco físicos estão vivos e podem ser considerados no prêmio caso a descoberta do bóson seja confirmada. Um deles seria possivelmente Englert, o primeiro a formular a teoria.

Agora resta saber como fazer a conta bater quando sobram apenas mais duas indicações para todos os nomes envolvidos na formulação e confirmação da partícula.