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Outro lado

Metodologia do estudo é falha, afirma indústria cervejeira

DO EDITOR DE “CIÊNCIA+SAÚDE”

Em comunicados, os fabricantes de cervejas com alto teor de milho apontado pela pesquisa defenderam a qualidade de seus produtos.

A Ambev, fabricante das marcas Caracu, Antarctica, Brahma, Bohemia e Skol, afirmou que "controlar a quantidade de malte de cevada é necessário para obter cerveja com características adaptadas ao paladar do consumidor brasileiro: leve, refrescante e de corpo suave".

"A indústria brasileira de cerveja possui tradição de mais de cem anos e tem orgulho de produzir bebidas de altíssima qualidade. A Ambev leva aos seus milhões de consumidores receitas seculares produzidas com os melhores insumos disponíveis em todo o mundo", continua o comunicado oficial.

A empresa disse ainda que seus produtos seguem à risca as determinações do Ministério da Agricultura e que está investindo na produção nacional de cevada e em quatro maltarias próprias.

Já a Schincariol, que produz a Nova Schin e a Glacial, diz que "respeita as iniciativas de pesquisas realizadas pela USP, mas ressalta que a metodologia utilizada no mencionado estudo não é a determinada pelo Ministério da Agricultura".

A empresa afirma que "está à disposição dos pesquisadores responsáveis pelo estudo para esclarecer possíveis dúvidas sobre seus produtos ou processos".

'INTERESSANTE, MAS...'

"É um trabalho interessante, mas discordamos dos resultados", disse à Folha Humberto de Lazari, gerente corporativo industrial do Grupo Petrópolis, das cervejas Itaipava e Crystal.

Ele afirmou que as imprecisões técnicas da pesquisa seriam discutidas de forma mais apropriada "num fórum técnico", mas ressaltou que a empresa usa menos do que os 45% de produtos não derivados de cevada em suas bebidas -disse não poder revelar a proporção exata.

A legislação não exige que as empresas declarem nos rótulos a composição exata das cervejas que produzem.

Lazari questionou a afirmação do estudo de que o milho aceleraria o processo de produção, cortando custos.

A Heineken, hoje responsável pela Kaiser, declarou em comunicado que "já possuía conhecimento da publicação, mas não encontrou relevância no artigo, pois a análise científica possui diversas inconsistências".

"Entre os vários equívocos da publicação, destacam-se os erros explícitos de amostragem estatística e o fato de o cientista não ter considerado o isótopo de nitrogênio. Com isso, como o próprio trabalho da USP reconhece, a utilização de arroz poderia influenciar nos números."

Martinelli, da USP, diz estar aberto a conversar com as empresas, mas afirmou confiar em sua metodologia.

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