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Depoimento gastronomia nos EUA

Cardápio desperta o desejo de que houvesse botão de pausa na vida real

Grant Achatz, chef do sétimo melhor do mundo, valoriza carnes de caça no Next, em Chicago

ISABELLE MOREIRA LIMA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE CHICAGO

Dizem que o chef Grant Achatz, comandante do Alinea de Chicago (EUA), o sétimo melhor do mundo segundo a revista inglesa "Restaurant", cria sinfonias em seus menus-degustação. Seu atual menu do Next, restaurante de cardápio sazonal em Chicago, confirma a fama.

Recebi do "Comida" a missão de experimentar o menu "The Hunt" (a caçada), em cartaz até outubro, que explora o universo da caça.

Para comer no Next, é necessário comprar ingressos antecipados. Eles são vendidos ao início de cada temporada e, apesar do preço alto (US$ 125 pela comida, cerca de R$ 250), esgotam rapidamente, e mesas extras passam a ser oferecidas on-line.

Ao fim de uma semana, e após 50 minutos de cliques, consegui um lugar.

Na hora certa, às 18h30, cheguei ao Next, sem placas. O ambiente é sóbrio -uma pele de animal adorna a mesa e não há som ambiente-, mas agitado por um compenetrado batalhão de garçons. O maître diz "divirta-se".

Em "The Hunt", o espetáculo começa quando uma caixinha de joias de vidro e armação dourada aterrissa na mesa. Dentro, sobre cama de alecrim e tomilho, repousam cogumelos selvagens.

O vinho, um chardonnay não filtrado esloveno, é a primeira bebida de sete da harmonização com alcoólicos "standard" (US$ 78). O cogumelo, o primeiro de uma série de 13 pratos.

O garçom explica que a próxima etapa remete à necessidade de preservação dos alimentos. São servidos truta defumada, rillette de walleye (peixe da região dos Grandes Lagos dos EUA), picles de nabo e finas torradas amanteigadas de pão preto.

A seguir, duas garrafinhas de metal trazem o armagnac que acompanha um tronco de árvore. Este serve de suporte para cinco itens de charcutaria: patê de coelho, charque de alce, salame de javali envelhecido por 45 dias, tartare de coração de veado e linguiça de sangue.

O jantar, aos poucos, deixa as referências mais rústicas de lado e passa a ser uma sofisticada celebração do inverno. O primeiro sinal disso é a chegada de um castiçal.

Nesse momento, é servido um esturjão ao molho cremoso de seu próprio caviar e manteiga. O prato desperta o desejo de que, na vida real, existisse um botão de pausa.

Minutos e alguns medalhões de galinhola escocesa depois, é chegada a hora em que o comensal se sente o caçador. Com uma apresentação de tirar o fôlego, é servido um borracho, espécie de pombo jovem, com 100% de aproveitamento: magret, confit, cabeça e miúdos.

A etapa das sobremesas começa dois pratos e um uísque depois e traz uma saudade antecipada. A primeira é fantástica -crème brûlée de tutano, servido no osso, de fazer chorar. A segunda, decepcionante -mingau de cevada excessivamente suave.

Por sorte, junto do café da Nicarágua, há um último sabor para ressuscitar o ânimo: caramelo de "maple" ainda quente, a ser enrolado em um palito de madeira em cima de um prato de gelo picado -a neve.


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