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Crítica restaurante

Esquina Mocotó mantém tradição nordestina

Rodrigo Oliveira pode extrapolar em suas pesquisas, mas, boa notícia, não deixou as raízes da cozinha da família

JOSIMAR MELO CRÍTICO DA FOLHA

A inauguração, em abril, do restaurante Esquina Mocotó, é boa notícia em vários aspectos. O primeiro deles é o fato de que sua abertura significa, por tabela, a preservação da casa original, o vizinho Mocotó.

Explico: é inevitável que um chef como Rodrigo Oliveira, 32, por sua juventude, por sua formação em gastronomia e por suas atuais conexões com o mundo, sentisse o desejo de criar pratos, inventar receitas, fazer experimentações.

Se no restaurante de sua família ele começasse a tornar "contemporâneos" o mocofava ou o baião de dois, poderia ser o começo do fim de um local que virou instituição, em São Paulo, da cozinha brasileira do Nordeste, que ali vem se aprimorando tecnicamente, mas mantendo a autenticidade dos pratos.

Já no Esquina, Rodrigo pode extrapolar em suas pesquisas, criar pratos sem compromisso estrito com a tradição. E a melhor notícia é que, mesmo assim, as raízes da cozinha de sua família estão escancaradamente ali.

Um barman gringo prepara coquetéis tendo a cachaça como referência. Uma tábua de charcuteria, no melhor estilo de Lyon, serve porco na lata e um pecaminoso dadinho de tapioca e porco (além de terrine e embutidos). Um italiano nhoque se chama nhoca, porque é feito com mandioca (e servido com queijo de cabra e o amazônico tucupi).

No Esquina, a carne de sol pode ser de filé-mignon (embora eu não entenda por quê) e vir com baião de dois cremoso (será melhor que o original da casa ao lado?). E a mesma barriga de porco usada para o fenomenal torresmo da casa-mãe, no Esquina, pode vir em versão mais chique: um delicioso tijolinho de carne cercado por favada, vegetais e folha de mostarda.

No pequeno cardápio inicial (tocado pelo chef Rafael Coutinho, 25, com passagens pelo D.O.M e pelo Epice), o porco impera --está também na tenra bisteca com pupunha assada e na copalombo --corte ainda pouco usado, e que eu prefiro mais tenro (aqui estava mais seco e deu uma aridez --sertaneja?-- ao prato, servido com purê de grão-de-bico e cenoura braseada).

O começo da refeição merece ter a panelinha de moela de galinha no molho de vinho com jurubeba e jerimum, assim como o elástico dadinho de tapioca (único item do Mocotó no cardápio), além do tutano assado com vinagrete de língua.

E, no final, sobremesas como a "goiaba, goiaba e goiabada" (sorbet de goiaba branca, goiaba confit e goiabada com vinho) e o purê de manga com baunilha baiana, sorbet de cajá e coco crocante.

ESQUINA MOCOTÓ *
ENDEREÇO av. Nossa Senhora de Loreto, 1.108, Vila Medeiros, tel. 0/xx/11/2951-3056
FUNCIONAMENTO de ter. a sáb., das 12h às 15h e das 19h às 23h; dom., das 12h às 16h
AMBIENTE moderno, com cozinha aparente e janelões que mostram a rua e o entorno do bairro
SERVIÇO vai bem, "low-profile"
VINHOS tem uma oferta razoável --e cachaças
CARTÕES A, D, M e V
ESTACIONAMENTO R$ 15
PREÇOS entradas, de R$ 16,90 a R$ 34,90; pratos principais, de R$ 26,90 a R$ 41,90; sobremesas, de R$ 12,90 a R$ 15,90


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