Folha de S.Paulo

Outro lado

'Tape o nariz para argumentos conservadores'

YURI GONZAGA DE SÃO PAULO

Caro futuro vegano, não se assuste ao ouvir que suas possibilidades gastronômicas serão insossas, tape o nariz para os argumentos conservadores e faça a experiência. Não é fácil, como qualquer mudança de hábito, mas é mais fácil do que se imagina.

Deixei a carne quase sem querer: os bifes que me serviram durante uma semana de 2008 não me apeteceram, e decidi estender o período sem ela por mais um mês. Ao final dele, achei que o desafio estava fácil e, em vez de voltar à minha dieta anterior, resolvi cortar frango e peixe.

Antes daquela semana, não havia cogitado virar vegetariano, mas minha veia ambientalista me tirava o "privilégio" de não saber do impacto que a pecuária tem sobre o planeta --há inúmeras outras razões; essa foi a que me moveu.

Dois anos depois, deixei de comer ovos. Passou-se mais um e larguei os laticínios. Talvez gradualmente também seja melhor para você.

Nunca fui a um nutricionista para saber sobre minha alimentação. Sei que estou errado; não faça isso. Mas também seria de fazer arrepiar a comunidade médica dizer que só quem é vegetariano precisa de aconselhamento especializado.

Sou ciclista por esporte --a última competição ciclística que venci foi na semana passada, e não havia uma categoria só para vegetarianos--, então me preocupo com as chamadas proteínas completas (com todos os aminoácidos), só que elas sempre estarão tão distantes de você quanto combinar arroz e feijão. Talvez você queira tomar um suplemento de vitamina B12, a única não encontrada em fontes vegetais.

Você não precisará deixar de comer "junk food". Sou um "junkie" convicto; preencho meu "vazio" com pizza, pastel, hambúrguer, biscoito, chocolate, amendoim, cerveja, vinho e quase todos os pães.

Quando posso, feijoada, acarajé, tempurá, shimeji, homus, baba ghanoush, falafel, guacamole, massas, sorvete, brigadeiro, bolo.

Há tudo isso sem manteiga, leite ou ovos.

Às vezes, talvez você vá querer comer salada.