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Crítica restaurante

Casa de grelhados já tem fãs, mas decepciona

Tony Roma's, restaurante americano recém-aberto em Moema, serve pratos com muita gordura e pouca personalidade

JOSIMAR MELO CRÍTICO DA FOLHA

Tenho saudades de alguém que não conheci --um sujeito chamado Tony Roma, o que deu nome à cadeia de restaurantes americanos de grelhados que desembarcou este ano em São Paulo.

Tony morava em Miami quando abriu seu restaurante em 1972. Na minha fantasia, eu o imagino um oriundo italiano de Nova York que buscou os ares quentes da Flórida. De cabelo engomado, suspensórios e charuto supostamente cubano nas mãos.

E a ideia de, no lugar de servir espaguetes com almôndegas, dar ao público o que eles gostam mesmo: costelas de porco com aroma defumado, lambuzadas em molho adocicado. Ele devia fazer isso bem --o que, na tradição americana, significava fazer meio mal, rusticamente, na marra, mas do coração.

Em seu "diner", provavelmente entrava fumaça no salão, os clientes se lambuzavam mais do que os guardanapos de papel davam conta, e os grelhados estariam longe do corte perfeito, mas deviam ser suculentos e sinceros.

Esse Tony imperfeito e autêntico eu não conheci. Conheci agora uma ponta de seu legado (em 1976, um milionário texano adorou o boteco do Tony, comprou uma parte e depois o resto, criou uma rede, vendeu para outro, que vendeu para outro... E, hoje, os 150 restaurantes em 30 países não pertencem a Tony nenhum, mas a três bancos).

A sombra do velho Tony Roma's chegou a São Paulo num corpo musculoso, arquitetônico, mas robotizado e sem alma.

Suas costelas de porco são feitas com precisão, mas não desmancham como as dos melhores (e sujinhos) botecos americanos, além do seu molho barbecue, que não é ruim, estar longe de ser especial.

A grande atração, um bolo de cebolas, é esfarinhado e engordurado. Gordura também não falta no molho do frango empanado, que, pelo menos, é verdadeiramente picante.

Entre os grelhados, o ribeye de 350 gramas parece um bife fino, longe das grossas porções de nossas churrascarias (e custa R$ 49,90, sem acompanhamentos).

Inesperadamente, o melhor é a costela de boi, no osso, um macio, mas firme naco, em contraste com o grosseiro purê de batatas do acompanhamento. Por falar em grosseiro, o cheesecake, orgulho americano, vem quase desmontando.

A rusticidade está no espírito do diner autêntico, mas quando é bom, vem com menos gordura e mais sabor. E custa menos.

Tanto faz. O Tony Roma's de Moema já tem filas de espera. O Tony da minha fantasia ficaria decepcionado em ver toda essa gente pagando tanto por isso.

TONY ROMA'S
ONDE av. Lavandisca, 717, Moema; tel. (11) 3807-0717
HORÁRIO de seg. a qui., das 12h às 15h e das 18h às 23h; sex., das 12h às 15h e das 18h à 0h; sáb., das 12h à 0h; dom., das 12h às 23h
AMBIENTE muita madeira no pé- direito, com mesas e sofazinhos
SERVIÇO ainda hesitante
VINHOS oferta limitada, alguns bons rótulos baratos
CARTÕES A, D, M e V
PREÇOS entradas, de R$ 14 a R$ 39,90; pratos, de R$ 37,90 a R$ 62,90; sobremesas, de R$ 15 a R$ 16,90; almoço de segunda a sexta, de R$ 35,90 a R$ 42,90


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