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Crítica restaurante
De volta, Roppongi traz mix de pratos asiáticos
Restaurante no Itaim Bibi apresenta cozinha irregular, mas com boas opções, como a costelinha de porco marinada
O velho Roppongi nunca foi meu japonês predileto de São Paulo --mas não se pode negar que marcou época.
Grande, frenético, moderno, o restaurante era um pouco o retrato de um Japão cosmopolita que muita gente, habituada aos discretos restaurantes da Liberdade, jamais suspeitaria existir.
O Roppongi existiu nos anos 90 e agora voltou à ativa. De um jeito um pouco tortuoso, é verdade: não é seu criador que o reinaugura, mas um grupo (ligado a marcas como Nakombi e Piola) que comprou a marca. E renasce no ponto onde até há pouco tempo funcionou outro asiático moderninho, o Ping Pong.
Os telões nas paredes (passando comerciais japoneses) são, digamos assim, a coisa menos contemporânea da casa, uma vez que já são velhos conhecidos dos decoradores.
O que há de mais atual é o cardápio, que abdica da assinatura japonesa para oferecer uma cozinha asiática mais genérica --tão ampla que chega a atravessar o Pacífico e incluir pratos peruanos (a moda é tudo).
No mix, há opções das mais variadas, inclusive pratos bons e ruins. Por exemplo, os dumplings, pãezinhos recheados à moda chinesa (e nomeados em inglês), têm massa grossa e pesada, que anula os temperos do recheio.
Mas, ainda com ares chineses, a costelinha de porco marinada com suco de laranja e gengibre, licor de mandarim e pimenta caseira tem uma excitante ponta cítrica e ardida, que junto com o belo ponto de cozimento, vira uma entrada estimulante.
Na seara japonesa, chama a atenção o pouco valorizado --mas normalmente ótima opção como refeição-- tirashi: no Japão é uma tigela côncava com fundo de arroz e cobertura de vários peixes crus. Pois aqui vem em um prato raso (para que dificultar quem que comer com os tradicionais palitinhos?), com arroz compactado e peixes que incluem um polvo aguado. Melhor fugir.
Fuja também das lulas empanadas, que, mesmo feitas com a farinha japonesa panko, conseguem ser pesadas.
Não fuja, apenas tome cuidado, com a combina- ção engraçada (peru-mex?) dos tacos com ceviche. Logisticamente é traiçoeiro, pin- ga tudo... Mas o ceviche costuma ter grãos de milho tostados, e estas panque- cas tostadas com o recheio de peixe não deixam de ser uma esperta referência.
Na esfera dos sushis, vendidos em duplas, há novamente uma tendência fusion, com o arroz coberto por combinações como atum com foie gras, salmão com trufas, gema de ovo de codorna com ovas de salmão, vieiras com creme de trufas e alho negro.
Sem falar que há pratos tailandeses com curry, bolinhos de bacalhau, wraps de javali, bolo de chocolate meio-amargo com sorvete de maracujá e calda de chocolate maltado. Um pouco de tudo.
ROPPONGI
ONDE r. Lopes Neto, 15, Itam Bibi; tel. (11) 3079-0283
HORÁRIO de seg. a sex., das 12h às 15h e das 19h à 0h; sáb., das 12h à 1h; dom., das 12h às 16h
AMBIENTE moderno, com música alta e telões
SERVIÇO bem treinado, explica bem pratos nada óbvios
VINHOS oferta limitada
CARTÕES todos
PREÇOS entradas, de R$ 11 a R$ 35; pratos, de R$ 21 a R$ 165; sushis (dupla), de R$ 11 a R$ 29; sobremesas, de R$ 9 a R$ 25