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Comer com os olhos

Fotógrafo brasileiro Sérgio Coimbra, que retrata os pratos dos melhores chefs do mundo, ganhou exposição na premiação dos 50 melhores restaurantes

MARÍLIA MIRAGAIA DE SÃO PAULO

"Como não estou aqui?", questionaram alguns chefs na festa que anunciava os 50 melhores restaurantes do mundo em Londres, na semana passada. Mas não era por uma posição no famoso ranking internacional que os cozinheiros reclamavam.

A queixa era por não participarem da exposição que o fotógrafo brasileiro Sérgio Coimbra exibiu naquela noite no Guildhall, em Londres, com 27 obras de 1,80 m por 2,40 m. Ele, que não come carne e não sabe cozinhar ("Não tenho jeito, não acerto", diz), fotografa apenas comida.

Além de expor na celebração, recebeu os prêmios do "amigo" Alex Atala, eleito na categoria especial "escolha dos chefs", votada exclusivamente por cozinheiros, e cujo restaurante, D.O.M., foi eleito 7º melhor do mundo. Atala não compareceu neste ano.

"Ele me ligou e disse se acontecer de eu receber um prêmio, você pode receber para mim?'", conta Coimbra em seu estúdio, na Vila Olímpia, em São Paulo. É a terceira vez que vai à premiação --foi no ano passado que recebeu o convite para expor.

Avesso a entrevistas, prefere também não aparecer em fotos. Simpático e introvertido, parece uma espécie de Woody Allen da gastronomia.

Entre as estrelas que tiveram criações retratadas por Coimbra estão Joan Roca (El Celer de Can Roca, que caiu de primeiro para segundo melhor do mundo), Massimo Bottura (Osteria Francescana, terceiro lugar), Heston Blumenthal (Dinner By Heston Blumenthal, quinto) e Yoshihiro Narisawa (Narisawa, 14º).

Ainda clicou criações de Atala e Felipe Oro, do Bronze (assina os livros de ambos), Helena Rizzo e Daniel Redondo, do Maní, e Alberto Landgraf, do Epice, entre outros.

"Tenho a sorte de fotografar artistas plásticos. Procuro ao máximo captar a visão plástica que tentaram transmitir", diz. A textura e a luz são das coisas mais importantes para o fotógrafo, que usa com frequência fundos escuros, para ressaltar a comida --e nada mais.

Para conseguir o resultado, tem estrutura afiada. No Stúdio SC, planejado pelo arquiteto Marcio Kogan, há cozinha profissional e sala para armazenar (por estilo e cor) todo o tipo de pratos, cerâmicas e bowls usados nas sessões.

Em sua equipe, há, além de diretor de arte, quem trate as imagens e opere a... oficina. Nela, são construídos objetos como tela de galinheiro ou tanque de água, ambos já usados em fotos. "Mas com zero de truque", afirma.

Coimbra resolveu dedicar-se à fotografia há cerca de dez anos. No começo, não fotografava só comida. Mas, quando viu, estava se "encaminhando para a área". Antes, dedicava-se um posto de comando na empresa de sua família, a Cia. Cacique de Café.

COPACABANA

Um tanque translúcido de água foi construído para as fotos do livro "Fluidità", dos irmãos italianos Alajmo, que será distribuído no país neste ano. A ideia era conferir fluidez do líquido às fotos. Mas a caixa é fichinha se comparada a outros projetos.

Para a série de fotos sobre comida de rua, que venceu o Festival International de la Photographie Culinaire em 2010, Coimbra reproduziu o calçadão de Ipanema no estúdio, alem de um revestimento de paralelepípedo.

As fotos precisaram de 40 dias para serem finalizadas, entre a encomenda das pedras e sua reprodução. Foram chamados uma baiana para preparar acarajés, e dois vendedores, de pastel e de milho, para integrar a cenografia.

"Passamos dias comendo milho, acarajé e pastel", brinca Washington Borges, gerente do Studio SC.


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