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Isso não é um sanduíche

Super-hambúrguer servido em São Paulo é uma pilha de 700 gramas de carne e tem 30 cm; impossível comê-lo como um lanche normal

JOSIMAR MELO CRÍTICO DA FOLHA

Foi só eu escrever sobre as virtudes de um hambúrguer simples, com apenas um ou dois ingredientes além do pão e da carne (caso do Z Deli Sanduíches, na crítica de 11 de junho), e pronto: o jornal me manda comer o temível Ezequiel 25.17.

Trata-se de uma pilha assustadora composta de 700 gramas de carne (divididos em cinco hambúrgueres de 140 gramas cada um), dez fatias de bacon, quatro de cheddar, quatro de mozarela e mais duas de queijo estepe, além de alface, tomate, cebola-roxa crua, "crispy onions", maionese --e duas fatias de pão de hambúrguer.

Faz parte do cardápio de uma nova lanchonete de São Paulo, a Big Kahuna Burger.

A casa é temática, e o mote é o diretor norte-americano Quentin Tarantino, cujos filmes (como "Pulp Fiction" e "Django Livre") ficam passando em telas no local e servem de inspiração para nomes de itens do cardápio (e até mesmo para o nome da casa, uma lanchonete fictícia mencionada em vários de seus filmes).

O Ezequiel 25.17 (referência à passagem bíblica que, não ao pé da letra, é recitada pelo personagem de "Pulp Fiction" vivido por Samuel L. Jackson) é uma pequena (ou grande) aberração. Não faz sentido.

A rigor não é um sanduíche, pois é impossível comê-lo como tal (mordendo os dois pedaços de pão e seu recheio). Quem quiser comê-lo sozinho terá que ir tirando as camadas para atacar uma por vez --e, portanto, não sentirá o gosto produzido pelos ingredientes combinados.

Se for para dividir, cada um comerá, na verdade, um sanduíche diferente --o que ficar com a camada de baixo ganha salada, outro ganhará a carne com queijo cheddar, outro com mozarela e assim vai. É mais inteligente --seja para o glutão, seja para quem vai dividir-- pedir três ou quatro hambúrgueres convencionais.

SEM CRITÉRIOS

Mas o Ezequiel 25.17 --que, pedido malpassado, veio em diferentes pontos, mas tem bom sabor de grelha-- não corresponde a critérios de paladar, é somente mais uma expressão da ideia de que qualidade é quantidade, tamanho é documento, tão cara aos norte-americanos (que fazem sanduíches de pastrami, de atum, do que seja, com recheios tão gigantescos que fariam inveja ao desproporcional sanduíche de mortadela do Mercadão paulistano).

Com suas fatias de bacon escorrendo pela torre como ameaçadoras labaredas, o Ezequiel 25.17 custa R$ 89,80 e, diz o cardápio, dá direito a uma camiseta comemorando a façanha (embora eu não tenha ganhado --talvez por não ter comido tudo mesmo).

É bom lembrar que, na cena de "Pulp Fiction" em que uma galera come um delivery da Big Kahuna, são todos massacrados em seguida. Cuidado, então.

BIG KAHUNA BURGER
ENDEREÇO al. Lorena, 53, Jardim Paulista, região oeste, tel. (11) 3051-6268
HORÁRIO de ter. a sex., das 12h às 15h e das 19h às 23h, sáb., das 12h às 24h, e dom., das 13h às 23h


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