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Crítica restaurante
Clos de Tapas muda e agora aposta no simples
Com novo chef, cardápio ibérico está menos experimental, mas um tanto confuso, onde cabe um pouco de tudo
Inaugurado há dois anos, o Clos de Tapas entrou agora em nova fase. Teve um começo marcante, ao tentar traduzir no Brasil o espírito (e as técnicas) da vanguarda espanhola liderada por Ferran Adrià, muito falada, mas pouco experimentada.
Não deu muito certo. A boa comida (com preços salgados) causou estranheza ao público, que não chegou a acorrer em número suficiente para viabilizar a casa.
Com isso o proprietário Marcelo Fernandes (sócio do Kinoshita, do Attimo e do Mercearia do Francês) realizou mudanças: a casa se reinventa para tentar permanecer no cenário.
Para isso, ele fez uma discreta reforma no espaço --que continua moderno, imponente e bonito, com um delicioso terraço a ser mais bem explorado pelo público; chamou um novo chef de cozinha; simplificou o menu, agora menos experimental; e segurou (um pouco) os preços.
A casa, agora, aposta num tom mais ibérico e mediterrâneo --sabores mais familiares ao consumidor--, numa composição ainda confusa, onde cabe um pouco de tudo. Mas isso não significou um rebaixamento no nível da cozinha, que continua executada com rigor.
O novo chef é o paulista Juca Duarte, 29, que já havia sido subchef no próprio Clos de Tapas e que teve passagens por casas de vanguarda, como Quique Dacosta (Espanha) e Central (Peru).
No novo cardápio, ele apresenta pratos tradicionais da cozinha ibérica: tapas como croquetas (de presunto, de frango caipira) e polvo à galega; e pratos como arroz de pato à portuguesa e fideuá (macarrão cabelinho-de-anjo no forno) com robalo, vieira e lulas num ponto preciso.
Mas não fica somente no tradicional --ou, mesmo nesse terreno, coloca sua colher. Do mar estão no cardápio mexilhões abertos ao chardonnay, com um gostoso caldo, e ceviche de robalo, camarão, vieira e caju (a fruta introduz uma agradável doçura, mas por isso mesmo o prato deveria ter mais acidez).
Entre as carnes, os clássicos callos à madrilenha (dobradinha com chorizo e presunto) com arroz de alho-poró e farofa de cítricos. Também um delicado (e crocante) leitão confitado servido com cebola em texturas e melão na cachaça.
Para os paladares mais desconfiados, há itens mais rotineiros como nhoque de batata (recheado com gorgonzola e molho de beterraba e avelã), peixe com cuscuz marroquino e especiarias, e bife ancho com farofa de ovo e molho chimichurri.
As sobremesas são leves: bolo de três leites com pêssego e lavanda com sorvete de iogurte, e gaspacho de morango, iogurte e gelatina de vodca com brioche.
CLOS DE TAPAS *
ENDEREÇO r. Domingos Fernandes, 548, Vila Nova Conceição, região sul; tel. (11) 3045-2154
HORÁRIO de seg. a qui., das 12h às 15h e das 19h30 às 23h; sex., das 12h às 15h e das 19h30 à 0h; sáb., das 13h às 16h e das 19h30 à 0h
AMBIENTE bela arquitetura moderna aquecida pela parede de pedras e luz natural; confortável varanda aberta
SERVIÇO atencioso e eficiente
VINHOS carta variada e didática, com boa retaguarda da equipe
CARTÕES A, D, M e V
PREÇOS entradas, de R$ 31 a R$ 68; pratos, de R$ 62 a R$ 107; sobremesas, de R$ 16 a R$ 29