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Análise

Realities shows instigam os mais baixos instintos dos cozinheiros

JOSIMAR MELO DO CRÍTICO DA FOLHA

No passado remoto (da Ofélia, mas ainda perpetuado através de Palmirinhas), o espaço da comida na TV transmitia uma mensagem singela: é uma coisa de mãe, feita com amor e carinho.

Depois, quando a TV a cabo estreou, no final da década de 1990, "A Cozinha de Classe Mundial", em que chefs pelo mundo ensinavam receitas em seus estrelados restaurantes, comida passou a ser mostrada como uma arte mais complexa, na qual cultura e técnica transbordavam em pratos sofisticados.

Hoje, com muitos outros formatos no ar, comida também se tornou centro de reality shows --aqueles programas em que os participantes fingem que agem com naturalidade e o público finge que acredita nisso.

Só que neles, quando o assunto é gastronomia, a estrela não é a comida: são os cozinheiros (amadores ou profissionais) que viram o prato principal.

Quanto mais rápidos, espertos, competitivos e até truculentos eles se mostrarem, mais ganharão pontos do júri e apoio do público sedento pela vitória de seus gladiadores favoritos. Esses shows, em vez de enaltecerem a arte dos cozinheiros, instigam seus mais baixos instintos.

A velha imagem do chef autoritário e histérico, que vinha sendo trocada pela do líder talentoso que convence pelo exemplo --e não pela panelada--, volta à tona quando Gordon Ramsay vira celebridade à base de gritos e palavrões (que nem usa tanto na vida real, mais diante das câmeras).

E a imagem da culinária como uma arte coletiva, de colaboração de um time unido na cozinha, cede lugar à da competição sangrenta por um patético "lugar ao sol".


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