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A última ceia

Restaurante pop-up com menu inspirado no corredor da morte é cancelado após polêmica em Londres; 13 brasileiros dizem o que gostariam numa refeição final

GUSTAVO SIMON DE SÃO PAULO

Doze camarões empanados, batatas fritas, um pote de frango da rede KFC e 400 gramas de morango. Foi esse o pedido de um condenado à morte, de 52 anos, para sua última refeição, em Illinois (EUA), em 1994.

O assunto pode soar mórbido, mas quem gosta de comer provavelmente já se pegou pensando nisso: qual seria minha última refeição?

Uma iguaria, algo exótico que nunca teve coragem de provar? Ou seu prato predileto, uma receita que remeta ao aconchego familiar?

Pois um projeto de restaurante em Londres, Inglaterra, anunciado no começo do mês passado, apostou nesse apelo. Batizado de Death Row Dinners (jantares no corredor da morte), ele funcionaria por apenas um mês na badalada região de East London.

A partir de 24 de outubro, 80 comensais por noite fariam um jantar de cinco pratos, selecionados entre as mais "interessantes e populares" escolhas de últimas refeições de reais condenados à morte.

Na semana passada, porém, o projeto foi cancelado. Quando o site entrou no ar, na primeira quinzena de setembro, internautas se manifestaram nas redes sociais contra o conceito do restaurante e sua divulgação, que usou imagens de supostos condenados segurando placas com cardápios.

A revista americana "Vice" chegou a colocar em xeque a veracidade da iniciativa --uma fonte próxima dos empresários, que pediu para não ser identificada, disse à Folha que o plano era real.

"Goste-se ou não, o conceito de uma última refeição é um fenômeno sociológico", disseram os criadores do projeto, que nunca se identificaram, em um texto divulgado no site do restaurante.

Dias depois de a defesa ser publicada on-line, a Folha, que havia pagado por uma reserva para o jantar de abertura, recebeu um e-mail informando o cancelamento do jantar --e a restituição do valor, £ 50 (cerca de R$ 200).

"Sofremos ameaças. Reais ou não, não podem ser ignoradas", dizia o e-mail. O projeto foi suspenso sem que se soubesse qual seria o cardápio --até as contas em redes sociais foram apagadas.

INSPIRAÇÃO

O mesmo tema já inspirou outras iniciativas. O fotógrafo neozelandês Henry Hargreaves registrou 12 últimas refeições de prisioneiros americanos, como a citada no começo deste texto.

"Temos emoções ligadas à comida e, quando vemos essas escolhas, estranhamente nos conectamos a essas pessoas", diz Hargreaves.

O ex-detento Brian Price, responsável pela cozinha de uma prisão no Texas, tam- bém explorou o fetiche no livro "Meals to Die For" (refeições pelas quais vale morrer), no qual relata o preparo de 218 cardápios de condenados.

Até pesquisadores de nutrição da Universidade Cornell estudaram o tema: descobriram que pratos suculentos, como frituras e sobremesas, dominavam as últimas refeições nos EUA.

Inspirado na polêmica londrina, o "Comida" perguntou a 13 profissionais da gastronomia brasileira: o que você gostaria de ter à mesa em sua última refeição?


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