Especialistas dão dicas de como encontrar comida boa e barata
Folha e CBN debatem o conceito de bons preços; participantes elegem casas prediletas em SP
Presença de serviço despojado e cardápio enxuto, com variedade de ingredientes, foi lembrada no bate-papo
Andar a pé pela cidade, observar restaurantes populares e perguntar onde as pessoas comem (e não que casas elas sugerem) são dicas para encontrar comida boa e barata em qualquer lugar.
Essas foram algumas das sugestões reunidas durante o bate-papo sobre o tema realizado pela Folha e pela CBN no último sábado (11), no teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
Estiveram no evento o crítico da Folha Josimar Melo, o chef e dono do restaurante Jiquitaia, Marcelo Bastos, e o jornalista André Barcinski, autor do "Guia da Culinária Ogra". A mediação ficou a cargo de Luiza Fecarotta, editora dos cadernos "Comida" e "Turismo", e de Fabíola Cidral, âncora do "CBN São Paulo".
Além de dicas para descobrir casas boas e baratas, os convidados indicaram seus locais preferidos do gênero em São Paulo (veja quais são no quadro ao lado).
O QUE É BARATO?
O bate-papo começou com a discussão do conceito de comida barata --para Josimar Melo, é aquela que, ao ser paga, leva o comensal a pensar que ela custou menos do que o prazer proporcionado.
"Se você gasta meio salário mínimo em uma comida dos deuses, é um investimento que faz na sua felicidade; se paga R$ 3 em uma porcaria, ela é cara", disse. Do outro lado do balcão, Marcelo Bastos argumentou que não é fácil cobrar pouco em uma cidade como São Paulo.
"No Jiquitaia, estabelecemos prioridades --e cortamos itens supérfluos, como valet e hostess; servimos 3.500 refeições por mês com 11 pessoas na equipe", contou. Na casa, na Consolação, o menu com entrada, prato principal e sobremesa custa R$ 39 no almoço e R$ 59 no jantar.
Barcinski disse que isso é uma tendência na cena gastronômica paulistana.
"Parte do público tem viajado mais e visto casas que servem boa comida e não são tão caras --e entendido melhor esse conceito."
Para um ouvinte, que entrou em contato por e-mail, há muitos lugares em que a comida é barata, mas não se pode esquecer de que não há mágica. "O preço do filé-mignon hoje é, em média, de R$ 25 o quilo. Portanto, não acredite que vai comer um estrogonofe por R$ 9. Se o preço for esse, mignon não é!", considerou.
Para Marcelo Bastos, "a questão não é diminuir a qualidade do produto, mas aumentar a variedade". Em seu restaurante, o Jiquitaia, por exemplo, ele usa cortes de carne tidos como menos nobres, mas que são mais interessantes (e baratos), no ponto de vista dele, do que filé-mignon. "Também faço cotação diária de peixes tradicionalmente mais em conta, como tainha, anchova e carapau."
O programa, que lotou a plateia do teatro, teve participação da dupla Prettos, de samba de raiz. Ao final, os convidados puderam degustar baião de dois do restaurante Maria Macaxeira.