Cervejas
SANDRO MACEDO - sandro.macedo@grupofolha.com.br
Lúpulo + dólar = amargor²
O dólar influencia, e muito, na cerveja nacional. Importadoras e fabricantes daqui preveem reajustes
A matemática é simples. Dólar alto, cerveja importada mais cara, para desespero dos apreciadores de rótulos de outras paradas. O pensamento lógico levou um amigo a outra constatação: pelo menos as nacionais ficarão mais em conta em relação à concorrência, certo?
Errado.
O dólar influencia, e muito, na cerveja nacional. Isso porque parte do malte que usamos vem de fora. O lúpulo, então, nem se fala. É quase integralmente importado, de países como Estados Unidos, Alemanha ou Inglaterra, entre outros. Recentemente, a Baden Baden lançou uma cerveja comemorativa cujo principal trunfo era ser fabricada com lúpulos 100% nacionais. Uma raridade.
Importadoras e fabricantes nacionais preveem reajustes. E, evidentemente, essa conta vai chegar no consumidor final. "A matéria-prima é praticamente toda importada. E o aumento da energia elétrica e do combustível também impacta no preço", diz André Cancegliero, sócio da cervejaria Urbana, de São Paulo, que prevê reajuste para o começo de abril.
"As importadas tinham aumentado em fevereiro e algumas sinalizam para novo reajuste. Entre as nacionais, muitas já avisaram que em abril teremos nova tabela", revela Edu Passarelli, do bar Aconchego Carioca.
Desde o boom das cervejas especiais, as nacionais sempre tiveram que brigar com as importadas em duas frentes: qualidade e preço. E mesmo quando se equivalem na primeira, sofrem preconceito na segunda.
E se não bastasse o dólar, em maio entra em vigor uma nova tributação para fabricantes de bebidas, que inclui as cervejas. Mais um aumento à vista. E este, só para as nacionais.