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Reforço na cozinha

Em aula de culinária em casa, chef francês ensina organização e a aproveitar todos os ingredientes nas receitas para evitar o desperdício

DE SÃO PAULO

O chef francês Nicolas Barbé chega à minha casa às 17h de um sábado. Ele e duas malas cheias. Tinha de tudo ali: a batedeira, as facas, o peixe, os temperos, o azeite, e até a cachaça para a flambagem.

Ele entrega pranchetas com as receitas. E um avental para cada um -a experiência foi em dupla.

Nossa intenção não era apenas a iniciação. Queríamos que o aprendizado fosse colocado em prática para os nossos seis convidados, que chegariam às 21h. Um pouco de pressão. E o medo da faca. "Medo por quê? Quem manda nela é você", diz o chef.

Separamos tudo o que deveria ser preparado para que a sequência de pratos (gaspacho, salada taitiana, risoto de camarões e uma torta de pera) ficasse sincronizada.

Aprendi que a organização é o mais importante numa cozinha, que se deve provar todos os ingredientes, crus, para conhecê-los melhor e que pedir para limpar o camarão na feira é bobagem: o que iria para o lixo rende um caldo.

No horário combinado, os convidados chegam. Os pratos estão esperando a finalização. Hora de abrir o vinho e começar a ouvir elogios dos pratos que você começa a mandar para a mesa.

Elogios aparentemente sinceros, porque os pratos realmente ficaram como nunca havia conseguido deixar.

O auge foi a hora de flambar. Apenas dois passos: 1) jogar um pouco de cachaça nos camarões; 2) inclinar suavemente a frigideira. Pronto. O vapor do álcool é atingido pela chama do fogão. E o fogo sobe uns 40 centímetros.

Das sete pessoas que estão em casa, além de mim, três fotografam. Uma das fotos vai para o Facebook: 26 "curtir" e "20 comentários". Sucesso.

Eu não estava só fazendo um delicioso risoto. Estava me sentindo a própria chef-celebridade. Para quem acha que, aos moldes dos reality shows que mostram chefs humilhando aprendizes, a aula seria tensa, a surpresa é boa.

O clima é divertido. Sobretudo quando o chef francês pede para colocar o extrato de "boanilha" na sobremesa.

(PRISCILA PASTRE-ROSSI)

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