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Em Londres, Sudbrack não fará invencionice

Para a chef, que vai cozinhar para a delegação brasileira na Olimpíada, arroz e feijão estarão no cardápio diário

Procedência das carnes teve de ser verificada, para que alimentos não alterem os exames antidoping dos atletas

FABIO BRISOLLA
DO RIO

Referência da alta gastronomia no Rio, a chef Roberta Sudbrack, 44, trocou o menu-degustação pelo popular sistema de bandejão.

Na segunda, ela produziu o primeiro almoço na cozinha do Crystal Palace, o complexo esportivo transformado em área exclusiva da delegação brasileira durante os Jogos Olímpicos de Londres.

Para atender diariamente 250 pessoas por turno, no almoço e no jantar, a chef escolhida para cuidar da boa alimentação dos atletas brasileiros fez algumas adaptações -no menu e na quantidade.

Em seu restaurante, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, o menu-degustação (R$ 270, por pessoa, com nove pratos) varia dependendo da inspiração da chef e do que ela encontra no mercado. Há pratos como o atum confit ou o quiabo defumado em camarão semicozido.

Já em Londres, a chef, eleita em 71º lugar na lista dos cem melhores restaurantes do mundo elaborada pela revista britânica "Restaurant", fará o bê-á-bá.

"Vai ser cozinha brasileira sem nenhuma invencionice. Todos os dias teremos arroz e feijão", diz Roberta, que não cobrará pelos serviços prestados. Vai como voluntária da delegação.

"Fui goleira de handebol quando jovem. E, claro, sonhava ir à Olimpíada. Agora, terei a oportunidade."

No time de Roberta estão outros sete cozinheiros -três brasileiros e quatro ingleses. Ela pretende ficar em Londres por mais duas semanas até implementar o seu ritmo de trabalho.

PRODUTOS DA ESTAÇÃO

A chef elaborou o cardápio com a supervisão dos nutricionistas das federações do Comitê Olímpico Brasileiro. Foi orientada, por exemplo, a verificar a procedência das carnes, precaução associada a exames antidoping. Com frequência, os criadores usam hormônios na pecuária e na avicultura para acelerar o crescimento dos animais.

Em maio, Roberta passou uma semana em Londres visitando mercados em busca de fornecedores de ingredientes da culinária brasileira, como arroz, feijão e farinha. Pesquisou também produtos da estação na Europa. "Não vamos levar nada do Brasil. Vamos comprar tudo dos fornecedores ingleses", disse.

Em cada refeição, o bandejão de Sudbrack oferecerá dez pratos. Além do feijão e do arroz, têm lugar fixo dois tipos de carne, salada e massa.

"Não é um cardápio light. Tenho de pensar nos caras do halterofilismo e do judô", diz a chef, que incluiu no cardápio dos atletas o "picadinho do presidente", uma referência ao prato que costumava servir a Fernando Henrique Cardoso, quando foi chef do Palácio da Alvorada.

"Vou fazer em Londres o que fazia em Brasília: comida do dia a dia. É uma forma de fazer com que aquele atleta longe de seu país, num momento de pressão emocional, se sinta mais perto de casa."

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