Festival em Goiás une cinema e gastronomia

Que música combina com os ouriços ao molho de cebolas do estrelado restaurante espanhol Mugaritz?

Em pleno verão italiano, você trocaria um Big Mac no ar-condicionado por uma focaccia de uma padaria calorenta? Compraria a maçã machucada e deixaria a perfeita na prateleira do mercado?

Essas são parte das questões lançadas na tela do Slow Filme, festival de cinema e alimentação que teve a terceira edição no último final de semana, em Pirenópolis (GO).

Inspirado no princípio de valorização das identidades locais do movimento internacional Slow Food, o conjunto dos filmes teve a proposta de "ressensibilizar" para uma mudança de hábitos, explica o curador, Sérgio Moriconi.

Essa nova sensibilização chega à sofisticação máxima com a experiência do "Mugaritz B.S.O." (Espanha 2011).

No documentário, Andoni Aduriz, chef do Mugaritz, o terceiro melhor do mundo, se junta a músicos para buscar sons que retratariam seu menu inovador. É assim que a sobremesa com café vira uma viagem à Etiópia, país forte na produção do grão.

Há ainda provocações mais concretas, que fazem o público pensar na própria geladeira, caso de "O Sabor do Desperdício" (Alemanha, 2011). O filme registra o descarte cotidiano, em supermercados e plantações, de toneladas de alimentos fora do padrão.

Como eliminar tal desperdício? Não há respostas prontas, mas o público encontra ao menos um caso de vitória da tradição.

Já o "Focaccia Blues" (Itália, 2008) conta a história do McDonald's que fechou, no início dos anos 2000, na pequena cidade italiana de Altamura, frente à concorrência de uma padaria local que servia focaccia.

"O festival é uma pequeníssima contribuição para despertar a consciência para isso [a manutenção da cultura local]", diz Morciconi.