Onde está o pão?

Você passa diante de uma gôndola e vê vinho e tequila. Em outra, encontra massa importada da Itália e azeite da Espanha. Adiante, papinhas para criança; mais à frente, um chá vindo do Sri Lanka.

À mesa, pode comer um temaki ou uma picanha. Se estiver frio, peça sopa.

Mas o letreiro na fachada não anunciava "padaria"?

Estão com os dias contados os modestos estabelecimentos paulistanos que recebiam fregueses para, simplesmente, comprar pão, leite, frios.

São cada vez maiores e mais numerosas as padocas com espaços de restaurante, sushi-bar, mercado etc.

"Hoje a padaria serve café da manhã, almoço, chá da tarde, jantar, sopa, pizza etc. É um novo conceito", diz Antonio Carlos Henriques, vice-presidente da Indústria Brasileira de Panificação e Confeitaria (Abip).

Vamos chamar esse "novo conceito" de "superpadocas", lugares onde a conveniência é a palavra-chave. Têm horários estendidos e estacionamento, além da variedade gastronômica.

O efeito de tanta concorrência sob o mesmo teto é empurrar o pãozinho para um papel coadjuvante.

PARA TODOS

A reportagem do "Comida" identificou em São Paulo ao menos dez "superpadocas" abertas nos últimos dois anos ou ampliadas nesse período para se ajustar ao modelo.

"Tem quem coma só sushi. Outros são vegetarianos. Em São Paulo, é preciso agradar a todos", diz o empresário Marcos Gonçalves Nunes. Com apenas 23 anos, ele é um dos sócios da Quinta do Marquês, aberta no ano passado na avenida Faria Lima.

Também em 2011, a Marengo, no Tatuapé, ganhou uma "irmã", Petit Marengo, no bairro vizinho, a Vila Carrão.

E a própria Marengo, com 20 anos de vida, não está imune às mudanças. A área destinada às refeições será ampliada no início de 2013.