São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 2011

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CRÍTICA RESTAURANTE

Nami serve cardápio múltiplo no ABC

Em ambiente informal e simpático, bar de saquês tem cozinha japonesa diversa em Santo André

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

A qualidade dos restaurantes japoneses de São Paulo atingiu um nível de excelência com o qual é difícil de competir fora da cidade. Mas há muitos lugares no Brasil que podem valer a visita, inclusive nas redondezas da cidade, caso do Nami Izakaya, em Santo André (ABC).
Para usar o jargão dos guias de viagem, não é um restaurante que vale o deslocamento. Mas pode ser bom para quem estiver por perto.
Ali há algo de diferente no ar. A começar pelo nome: na era dos rodízios, esse restaurante numa rua pacata (ao menos à noite) se proclama um izakaya -um bar para beber (o destilado shochu e o fermentado saquê, de preferência) e comer petiscos que acompanhem a bebida.
Bem, a diferença continua aí, apesar do nome, ali não parece um izakaya: o cardápio não é de petiscos, lembra o de um japonês padrão no Brasil -ou seja, um lugar que serve de tudo, de sushi a tempurá, de massas a grelhados (coisas que no Japão costumam estar cada uma num restaurante especializado).
Para completar as diferenças, além do cardápio múltiplo, o Nami tem surpresas como receitas de inspiração coreana (um dos pontos altos da casa, aliás).
Esse mosaico foi criado pelo proprietário (aliado a dois investidores) Jorge Tsuchimoto, 46, de curiosa trajetória. Formado em artes plásticas pela FAAP, filho de artistas e sobrinho de outro -o prestigiado japonês Manabu Mabe (1924-1997)-, ele foi marchand e mais tarde diretor do Instituto Mabe, após a morte do tio (do qual ostenta gravuras no restaurante).
Mas paralelamente fez cursos de sushi, assessorou a montagem de sushi-bares em restaurantes como o Bar des Arts, até que em 2007 resolveu dedicar-se somente à área. E em junho de 2010 abriu o Nami.
No seu lado boteco, a casa propõe boa variedade de porções para petiscar. Vão do ceviche ao croquete de curry com batata e carne moída, passando por espetinhos robata (como o de shimeji com bacon), berinjela frita com molho de shoyu e gengibre e tonkatsu (lombo de porco empanado com farinha panko).
São mais fiéis ao espírito de izakaya e melhor sucedidos do que os sushis, em que cortes tímidos, a pequena variedade e um arroz sem predicados não conferem emoção ao pedido.
O menu tem muitas outras sugestões na seara japonesa, mas chamam a atenção pratos de carne de porco de especialidade asiática. O bossan é uma paleta de porco assada longamente com cinco especiarias chinesas, trazida à mesa desfiada, para comer com as mãos, enrolada em folhas de alface com picles, repolho e conservas apimentadas. É a surpresa que vale a descobrir por lá.

NAMI IZAKAYA
ENDEREÇO rua Agenor de Camargo, 342, Vila Assunção, Santo André, tel. 0/xx/11/4432-3703
FUNCIONAMENTO de segunda a sábado, das 19h à meia-noite
AMBIENTE salas bem simples, adornadas com quadros (alguns de Manabu Mabe)
SERVIÇO informal, simpático
VINHOS a oferta mais interessante do restaurantes é a variedade de shochus e saquês
CARTÕES A, D, M e V
ESTACIONAMENTO não tem, é preciso parar o carro nas redondezas
PREÇOS petiscos, R$ 14 a R$ 41; sushi e sashimi, R$ 45 a R$ 140 (duas pessoas); pratos quentes, R$ 22 a R$ 86 (para quatro pessoas); sobremesas, R$ 7 a R$ 13


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