São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 2011

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A GOURMET
Tendências gastronômicas mundo afora

ALEXANDRA FORBES

Sou uma 'gastrovictim'


Sou dessas loucas obcecadas, que cruza oceanos para passar cinco horas sentada comendo

ESTOU DE partida ao Piemonte. Para quê? Comer e beber, claro: é época de trufas brancas, especialidade local. Pouco sei sobre a história de Turim, mas pesquisei longamente os restaurantes da cidade e arredores. Almoços e jantares estão marcados: quatro dias de comilança me esperam. Dali, pegarei horas de trem até Denia, ao sul de Valência, para provar o menu-degustação de um dos maiores chefs do mundo, Quique Dacosta. Conto as horas.
Sou dessas loucas obcecadas, do tipo que cruza oceanos para passar até cinco horas sentada comendo -e ainda acha bom. Mas que ninguém pense que só jornalistas cometem tais exageros. Parece crescer o número de gente que viaja expressamente para comer. Vários paulistanos vão ao Piemonte anualmente, como peregrinos a Meca.
Certo produtor de TV viajou a Chicago, onde achou que encontraria o nirvana gastronômico. Depois de uma noite "inesquecível" no Next, do chef Grant Achatz, escreveu-me emocionado agradecendo a dica. Há ainda o A., que de tanto ir ao Noma, em Copenhague, ficou amigo do chef René Redzepi e engatou namoro com a chef-patissière!
Se turistas normais orientam-se usando o "Lonely Planet", "gastrovictims" consultam o guia "Michelin". Parte da graça está em discordar de cotações e estrelas com conhecimento de causa. Em comum, têm o fervor dos devotos, que não se abala pelas refeições intermináveis ou eventual indigestão.
Quiçá o mais extremo "gastrovictim" que já vi, um certo "Cesare Goloso", de São Paulo, acaba de voltar de maratona gourmet com paradas nas melhores mesas da Europa: El Celler de Can Roca, Dos Cielos, Arzak e Quique Dacosta (duas vezes!), na Espanha; Gambero Rosso e Piazza Duomo, na Itália, entre muitos mais. Atacou a missão como guerreiro: antes da viagem, comeu regradamente e passou uns dias no spa "fazendo uma reserva negativa". Trocou e-mails com restaurantes, anotando as reservas no itinerário-tabela. Quando lhe perguntavam se tinha alguma alergia alimentar, respondia: "só à comida ruim".

ALEXANDRA FORBES, jornalista gastronômica e foodtrotter, conta de suas andanças e comilanças também no Twitter (@aleforbes)


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