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3ª idade abre novas portas
Instalação de itens como maçaneta em forma de alavanca facilita dia-a-dia de idosos
MARIANA DESIMONE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O que parece de bom gosto,
como mesa de quina pontiaguda, piso encerado e lustre com
luz ofuscante, às vezes não
combina com dificuldade de locomoção e vista cansada.
Na arquitetura e na decoração, a terceira idade deve buscar o oposto de superfícies reluzentes ou de mobília angulosa: uma casa aconchegante -e
não uma armadilha.
"As pessoas costumam envelhecer em casa. É importante
que o ambiente seja receptivo",
afirma Lilian Osmo, professora
de ergonomia no curso de arquitetura da Faap (Fundação
Armando Álvares Penteado).
Segurança e conforto são os
conceitos-chave que abrem a
casa para essa faixa etária.
Eles incluem medidas como
implantação de barras de apoio
em banheiros e uma decoração
que abuse de itens para estimular a memória afetiva, como
porta-retratos.
Certas peças da mobília devem ser trocadas. "Idosos não
usam cadeiras com rodinhas ou
sem apoio lateral: dá medo de a
cadeira se mexer sozinha e não
há espaço para repousar os braços", exemplifica Osmo.
Tapetinhos têm de ser banidos. "Comuns em sala e corredor, são um perigo para quem
não levanta muito o pé para andar", adverte o geriatra Clineu
de Melo, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
A percepção pelos sentidos
deve ser facilitada. "Os olhos do
idoso não se adaptam rapidamente a alterações de luminosidade", pontua o médico.
"Ter um dimmer [dispositivo
que controla a intensidade da
luz] para a pessoa ir ao banheiro à noite evita aquele ofuscamento desconfortável", sugere.
Ainda sem dificuldades para
andar mas "já sentindo mais
cansaço", madre Felicy, 80,
mudou-se de casa e reformou
bastante a nova morada. "Só
não deu para tirar a escada, mas
eu a uso apenas uma vez por
dia", afirma.
Lugar ao sol
A madre pensou além das
barras no banheiro. "Fizemos
uma campainha nos quartos
que toca no aposento da irmã
mais nova. Assim, quem tiver
algum problema no meio da
noite tem chance de avisar."
Outra novidade foi um banco
no jardim, "para descansar ao
chegar do mercado, mas também para tomar sol de manhã".
"A esse público, é importante
oferecer tranqüilidade. Um lugar ao sol com árvores frutíferas ao redor, por exemplo, é
bastante relaxante", observa a
arquiteta Luana Radesco.
O entorno dessa área externa, porém, pede cuidados. "Vale fazer um caminho bem pavimentado para que o acesso seja seguro", diz a especialista, que
faz parte do Hiléa, um projeto
para a terceira idade que será
inaugurado em agosto.
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