São Paulo, domingo, 01 de julho de 2007

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3ª idade abre novas portas

Instalação de itens como maçaneta em forma de alavanca facilita dia-a-dia de idosos

MARIANA DESIMONE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O que parece de bom gosto, como mesa de quina pontiaguda, piso encerado e lustre com luz ofuscante, às vezes não combina com dificuldade de locomoção e vista cansada.
Na arquitetura e na decoração, a terceira idade deve buscar o oposto de superfícies reluzentes ou de mobília angulosa: uma casa aconchegante -e não uma armadilha.
"As pessoas costumam envelhecer em casa. É importante que o ambiente seja receptivo", afirma Lilian Osmo, professora de ergonomia no curso de arquitetura da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado).
Segurança e conforto são os conceitos-chave que abrem a casa para essa faixa etária.
Eles incluem medidas como implantação de barras de apoio em banheiros e uma decoração que abuse de itens para estimular a memória afetiva, como porta-retratos.
Certas peças da mobília devem ser trocadas. "Idosos não usam cadeiras com rodinhas ou sem apoio lateral: dá medo de a cadeira se mexer sozinha e não há espaço para repousar os braços", exemplifica Osmo.
Tapetinhos têm de ser banidos. "Comuns em sala e corredor, são um perigo para quem não levanta muito o pé para andar", adverte o geriatra Clineu de Melo, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
A percepção pelos sentidos deve ser facilitada. "Os olhos do idoso não se adaptam rapidamente a alterações de luminosidade", pontua o médico.
"Ter um dimmer [dispositivo que controla a intensidade da luz] para a pessoa ir ao banheiro à noite evita aquele ofuscamento desconfortável", sugere.
Ainda sem dificuldades para andar mas "já sentindo mais cansaço", madre Felicy, 80, mudou-se de casa e reformou bastante a nova morada. "Só não deu para tirar a escada, mas eu a uso apenas uma vez por dia", afirma.

Lugar ao sol
A madre pensou além das barras no banheiro. "Fizemos uma campainha nos quartos que toca no aposento da irmã mais nova. Assim, quem tiver algum problema no meio da noite tem chance de avisar."
Outra novidade foi um banco no jardim, "para descansar ao chegar do mercado, mas também para tomar sol de manhã".
"A esse público, é importante oferecer tranqüilidade. Um lugar ao sol com árvores frutíferas ao redor, por exemplo, é bastante relaxante", observa a arquiteta Luana Radesco.
O entorno dessa área externa, porém, pede cuidados. "Vale fazer um caminho bem pavimentado para que o acesso seja seguro", diz a especialista, que faz parte do Hiléa, um projeto para a terceira idade que será inaugurado em agosto.


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