São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2004

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FARO FINO

Acompanhar de perto as obras e checar habilidade do profissional em serviços semelhantes evita contratempos

"Cavar" passado e falhas reduz problemas

DA REDAÇÃO

O segredo para que reparos e reformas corram bem começa na escolha da mão-de-obra. O primeiro passo é sempre pedir referências a conhecidos ou revendedoras de materiais de construção.
"É de praxe no mercado que toda loja que conheça profissionais recomende-os", afirma Luís Fernando Ferrari, 39, presidente da Associação dos Revendedores de Tinta do Estado de São Paulo.
Com a indicação em mãos, o segundo passo de quem vai contratar é verificar a experiência e a habilidade dos candidatos para realizar o serviço. Isso porque um pedreiro que assentou bem o piso do banheiro do vizinho pode não ser o mais indicado para consertar um vazamento na cozinha.
Quando pensou em reformar seu apartamento, o gerente de vendas Mauricio Carbonell, 35, saiu à caça de uma sugestão. Perguntou aos moradores do prédio se conheciam pedreiros e escolheu um que havia feito bom trabalho na casa do vizinho de cima. "Foi o que me deu o orçamento mais barato", diz Carbonell.
Mas ele conta que teve vários problemas, como torneiras fora do lugar, portas que não fechavam direito e rejunte de pastilhas de vidro que ficou sujo. Também diz que gastou mais do que deveria com o piso de epóxi porque o contrapiso não estava nivelado.
"O que mais me incomodou foi que o prazo inicial, de um mês, estendeu-se para dois meses e meio", acrescenta. "Já tinha visto outro serviço dele, mas era uma obra mais simples", afirma.

Visão global
Esse é outro ponto em que muitos pecam, segundo especialistas. Reformas devem contar com profissionais que tenham uma visão mais global da obra, como arquitetos, engenheiros e empreiteiros.
O ideal é chamar pedreiros, encanadores e eletricistas apenas para resolver problemas pontuais. "As instalações são as que mais dão trabalho, porque nem sempre o profissional tem as ferramentas para testar o sistema e identificar falhas antes de fazer o revestimento", avalia a engenheira Mercia Bottura de Barros, 41, professora do departamento de engenharia de construção civil da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).
Outra dica para buscar mão-de-obra, mas sem referências, é o site do Sintracon (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de São Paulo), que tem um banco de currículos (www.sintracon.org.br).
Quando a obra já começou, é preciso instruir muito bem a mão-de-obra sobre como o serviço deve ser feito.

Olho vivo
Para a administradora Sueli Aveiro, 30, que reformou o sobrado em que mora, esse é o segredo para evitar mal-entendidos. "No começo, sempre encontrava uma coisa que não estava a meu gosto e tinha que pedir para o pedreiro refazer. Passei a visitar a obra diariamente, de manhã e à noite."
Mesmo assim, não conseguiu evitar contratempos. "Uma noite cheguei lá e dei de cara com a porta da cozinha fixada no corredor, com batente e tudo. Meu marido teve de retirá-la às pressas."
Quanto mais sofisticado for o trabalho (como fazer textura na parede, piso de cimento queimado ou instalação de "dry wall"), mais atenção exigirá.
"Já tive de pedir ao gesseiro que refizesse duas vezes um pilar arredondado. Só na terceira, como eu fiquei brava, ele resolveu usar a fôrma", exemplifica a arquiteta Fernanda Haddad, 34, que achou o profissional por anúncio e não o considerou qualificado.

Reclamações
Quem detecta falhas no serviço pode reclamar, desde que tenha feito, previamente, um contrato relatando tudo o que esperava, incluindo prazos, responsabilidades e quantidades de materiais.
"É como um orçamento, que deve ser o mais detalhado possível e conter dados pessoais do prestador de serviço, como endereço e número da carteira de identidade", recomenda Gabriela Ribas Antonio Glinternik, 33, assessora técnica da diretoria do Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor).
"As pessoas tendem a achar que assinar um contrato é sinônimo de desconfiança, mas essa mentalidade precisa mudar." (BMF)


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