São Paulo, domingo, 03 de setembro de 2006

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JARDIM SUSPENSO

Cuidados sustentam vegetação e evitam perdas daninhas

Impermeabilização bem-feita e poda adequada seguram infiltrações, plantas invasoras e insetos

DA REPORTAGEM LOCAL

Para não deixar o orçamento no vermelho e as paredes pretas de umidade, o telhado verde exige cuidados específicos de instalação e manutenção.
No condomínio onde vive a médica Shari Anne El-Dash, 36, no centro de São Paulo, já foram gastos R$ 25 mil para sanar problemas em seu jardim sobre laje -tipo de cobertura também chamada de telhado verde intensivo, que comporta plantas maiores.
"Os apartamentos do último andar ficaram embolorados devido a infiltrações", conta ela.
O primeiro passo para "suspender" um jardim é a boa impermeabilização, ressalta Rogério Müller, 20, da Natural Design. Feita com poliuretano vegetal, custa de R$ 4 a R$ 12 por m2.
A camada de manta asfáltica, que separa terra e vegetação da laje de concreto, dura mais se coberta de terra e protegida da incidência direta da luz do sol, mas é pouco resistente às enxadadas do jardineiro e à pressão de raízes maiores.
Já os telhados verdes extensivos, geralmente inclinados, com camada menos espessa de terra -10 cm- e plantas rasteiras, podem ser colocados sobre bases de bambu, telhas cerâmicas, telhas de fibrocimento ("calhetão") e placas de OSB (painéis de madeira prensada).
"O cálculo da estrutura deve contemplar o tipo de planta e a espessura da camada de terra, para que resista ao peso do telhado encharcado", alerta Márcio Araújo, 43, do Idhea (Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica).
"A impermeabilização pode ser feita com resina de base vegetal [óleo de mamona]."
"A lona preta de polietileno [material comumente usado em coberturas extensivas] é mais frágil", aponta Araújo.
As mantas acrílicas de PVA ou PVC, por sua vez, são mais resistentes, mas não as mais sustentáveis.
O engenheiro agrônomo Edson Hiroshi, 50, usou a criatividade para forrar o telhado verde de sua casa em Piracaia (80 km a nordeste de São Paulo).
"Uso "banners" que pego nas ruas e reciclo", relata. Com eles, só teve problema de impermeabilização uma vez.
Definido o impermeabilizante, o passo seguinte é a drenagem da água que se acumula, feita com uma manta geotêxtil. Ela impede que a água escorra, levando a terra junto.
"Adicionar à terra compostos orgânicos, como carvão, ajuda na retenção", define o designer Lars Diederichsen, 39.

Escolha da planta
Plantada a base, é dado sinal verde para escolher o tipo de vegetação. Uma opção são gramíneas que exijam poda menos freqüente, às vezes anual.
"Grama-amendoim, boldo e poejo não devem ser regadas demais, senão crescem muito", lista Hiroshi. Em regiões secas, que pedem rega mais freqüente ou até diária, pode-se implantar um sistema de irrigação.
É preciso tirar, ao menos uma vez ao ano, ervas daninhas que prejudicam a vegetação original e cujas raízes agridem a camada impermeabilizante.
A manutenção também evita insetos. "O fechamento do telhado e a impermeabilização impedem que eles passem para dentro da casa", diz João Feijó, engenheiro da Ecotelhado. (GG)


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