São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2007

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Diferença sutil mina união de peças

Norma permite variação de 0,6% do tamanho do formato de placa cerâmica com área acima de 410 cm2

Leo Caobelli/Folha Imagem
Karen Pisacane "disse não' a cerâmicas que "aumentaram' seu tamanho em 0,5 cm


DÉBORA FANTINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Na hora do "sim" à compra, não parece haver incompatibilidade de gênios -ou de tamanhos- entre os revestimentos cerâmicos. Mas, no assentamento da relação, pequenas divergências podem miná-la.
O formato -ou tamanho nominal- não costuma ser a medida exata das placas.
"Na fabricação, é difícil obter placas exatamente do mesmo tamanho", explica a gerente técnica geral do CCB (Centro Cerâmico do Brasil), Lilian Dias, 34. "A norma prevê variação de 0,6% sobre o formato para a maioria das cerâmicas."
A medida real das placas é informada em outro dado da embalagem, o tamanho de fabricação -tamanho médio que as placas cerâmicas daquele lote específico têm. Essa variação, no entanto, deve estar dentro da faixa permitida pela norma.
"Uma placa de 30 cm x 30 cm pode ter tamanho de fabricação de 302 mm x 302 mm [30,2 cm x 30,2 cm]", exemplifica Dias.
A arquiteta Karen Pisacane, 27, porém, deparou-se com variação superior à permitida por norma na reforma de um imóvel: recebeu placas de 39,5 cm x 39,5 cm em embalagens de 40 cm x 40 cm e teve de trocá-las.
"O consumidor deve levar essas variações em consideração ao calcular a quantidade necessária de placas", recomenda Márcia Oliveira, 48, técnica do Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor).
Até o bom partido dos revestimentos cerâmicos, o porcelanato, tem tolerância da norma.
Mas, para o arquiteto George Hochheimer, 41, as desigualdades negam sua qualidade mais celebrada: a de poder ser assentado com rejuntes estreitos. "Variação de 3 mm já pede rejuntes maiores."
Outra medida a ser conferida é a curvatura. Se ela for levemente acentuada, poderá ser compensada com argamassa extra no verso da placa.
"Se a placa for mais côncava que o aceitável, o assentamento da parte central ficará comprometido", alerta Gilberto Cavani, 53, pesquisador do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo).

Desalinho
As distorções aumentam ainda mais quando se tem produtos diferentes, mas que deveriam viver em harmonia.
"Piso e azulejo podem ser da mesma marca e o tamanho não bater", diz Rômulo Russi, professor de design de interiores do Senac-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).
Ele tem truques para disfarçar desavenças, como colocar o piso na diagonal e os azulejos retos. Peças destoantes do resto do lote são usadas em recortes de cantos ou sob gabinetes.
Hochheimer sugere abrir mão do alinhamento: "É melhor assumir as diferenças, desalinhar ainda mais".


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