Tintas e vernizes inodoros também podem intoxicar; substâncias minerais e à base de terra são opções naturais

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário dos produtos de limpeza com aroma de flores e frutas cítricas, substâncias usadas para deixar a casa mais bonita e protegida têm cheiro tão ruim que chegam a expulsar os moradores durante a aplicação.
Os solventes que compõem tintas, vernizes, colas e inseticidas têm princípios ativos depressores do sistema nervoso central que causam de dor de cabeça a insônia e irritação.
Uma boa ventilação é a saída para impedir a alta concentração de "venenos" como tolueno, xileno e benzina.
Se as janelas não bastarem, use ventiladores -ou passe uns dias fora.
A fonoaudióloga Daniela Remédio, 30, usou tinta sem cheiro para pintar seu apartamento. Mesmo assim, não dormiu em casa. "Estava grávida, e minha filha caçula, de quatro anos, tem rinite alérgica. Mas, durante o trabalho, não senti nenhum cheiro incômodo."
Falta de cheiro não significa ausência de toxicidade, alerta a química Arline Arcuri, 59, pesquisadora da Fundacentro (Fundação Jorge Duprati Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho).
Tintas à base de solvente, como as usadas para pintar portas, janelas e grades, assim como sinteco e cola para carpetes e papel de parede, contêm compostos orgânicos voláteis, chamados de COVs.

Sintomas
Esses elementos, que também evaporam de produtos de limpeza à base de hidrocarbonetos -como alguns desinfetantes e removedores-, persistem no ar por muito tempo.
A presença invisível de COVs pode ser notada em irritação em olhos, nariz e garganta, dores de cabeça, náusea, danos ao sistema nervoso, ao fígado e aos rins, além de rinite e asma.
No caso das tintas e vernizes, há opções com menos COVs -que, no Brasil, não têm de ser descritos no rótulo. São tintas minerais e à base de terra.
Para proteger a madeira, uma alternativa natural ao malcheiroso sinteco é a mistura de óleo de linhaça com cera de carnaúba.
Uma opção a inseticidas é o neem (planta indiana). "Mas o biocida sustentável não extermina e sim afasta [a praga]", diz Márcio Araújo, do Idhea (Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica).


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