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São Paulo, domingo, 11 de maio de 2003

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TINTAS

Comum nos EUA e na Europa, sigla VOC não significa nada para brasileiros

Sopa de letrinhas dificulta disseminação dos produtos

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Por mais disposição que tenha, até o mais persistente e curioso consumidor vai achar difícil saber qual o nível de VOCs (compostos orgânicos voláteis) das tintas brasileiras e se a informação, mesmo que seja divulgada, é correta.
A razão de tanto mistério a respeito desse tema deve-se ao fato de que no Brasil, diferentemente do que ocorre na Europa, nos EUA e no Canadá, não há normas sobre as quantidades de VOCs que os produtos podem ter nem um órgão que controle e fiscalize as tintas quanto a esse item.
Muitos fabricantes afirmam adotar padrões norte-americanos e europeus para regular a quantidade desses componentes na fabricação de seus produtos.
"As tintas brasileiras, normalmente, têm até 2% de VOCs", constata Kai Loh Uemoto Deng, pesquisadora da Poli-USP.
Uma iniciativa de Deng pode ajudar a esclarecer um pouco esse assunto. Trata-se de um projeto bancado pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) que pretende identificar o nível de VOCs nas tintas vendidas no país.
Se na Europa e na América do Norte essa informação vem registrada na embalagem, aqui os fabricantes preferem adotar a denominação "baixo odor", já que a maior parte dos brasileiros desconhece a importância da sigla.
Mas afirmar que uma tinta tem o baixo odor como característica não é sinônimo de que esteja isenta de VOCs. Há casos, por exemplo, em que tintas são formuladas com solventes desodorizados.
Quem procura produtos menos nocivos à saúde e ao ambiente pode guiar-se pesquisando os solventes. As tintas látex, formuladas à base de água, têm menor teor de solventes do que esmaltes sintéticos e vernizes -estes últimos têm até 70% de VOCs. Depois de aplicadas, evaporam 50 partes de água para uma de solvente, de acordo com Leandro Galuschka, 44, gerente técnico da Renner.
Quem for usar os esmaltes sintéticos pode optar pelos que têm aguarrás, que é um solvente menos nocivo. Alguns, como o benzeno e o tolueno, são proibidos.
Já as tintas de alto brilho levam mais solventes, para poder formar a película brilhante, enquanto as foscas e acetinadas apresentam teores mais baixos.

Saúde e bolso
"Quanto menos agressiva for a evaporação na hora da secagem, melhor", explica Jorge Fazenda, 66, assessor técnico da Abrafati (Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas). As tintas à base de solventes o liberam totalmente enquanto o revestimento seca.
Os únicos fabricantes contatados pela Folha que afirmaram possuir produtos com menos de 1% de solvente foram a Midas (linha Eco Acqua) e a Renner (Látex Renner). Nos dois casos, a tinta látex, em lata de 18 litros, custa cerca de R$ 150. A similar tradicional sai, em média, por R$ 130.
"Tintas com baixo teor de VOC custam de 5% a 10% a mais", diz Wilson Souza, gerente do departamento de laboratório de desenvolvimento de tintas imobiliárias da Suvinil. Decidir se vale a pena pagar mais suscita controvérsias.
"Devem ser escolhidas pelo baixo impacto ambiental", avalia Deng. Fazenda afirma que não pagaria a diferença. "As tintas brasileiras já passaram de 50% para 2% de solventes e têm níveis baixos de VOCs. Mas, se o preço de produtos sem VOCs for bom, vale a pena optar por eles." (BMF)


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