São Paulo, domingo, 13 de junho de 2004

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SINTÉTICO

Material imita pedra em revestimentos e substitui aço em estruturas, mas custa até 10 vezes o valor de peça normal

Mais cara, fibra de vidro traz praticidade

BRUNA MARTINS FONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A fibra de vidro, companheira de longa data de carrocerias de carros velozes e cascos de barcos, aos poucos entra em casa e ganha espaço nos canteiros de obras.
O material, conhecido por sua leveza e durabilidade, reveste paredes com aspecto de pedra, tijolo ou madeira, alivia o peso de painéis de concreto, substitui o aço no concreto armado e dá forma a pingadeiras e rufos.
Em Nova York, o escritório do arquiteto Joel Sanders finalizou recentemente o projeto de quartos modulares em fibra de vidro, que serão instalados em um hotel em Londres.
Por aqui, o engenheiro Henrique Uesugi, 47, já produz, sob encomenda, itens como pingadeiras (coberturas em muros para desviar água da chuva), rufos (peças instaladas no encontro entre a parede e o telhado para evitar infiltração), degraus e tampas de caixas de esgoto e gordura.
"As peças podem ter qualquer cor e forma, e o material não sofre corrosão", comenta Uesugi. O metro linear instalado da pingadeira sai por R$ 160.
O preço do metro linear instalado de uma pingadeira tradicional, em chapa galvanizada, é muito mais baixo: R$ 25, em média. A desvantagem é que ela enferruja.
Outra novidade são placas da Dex Painéis que simulam pedras, tijolos e madeira. Aparafusadas em superfícies como "dry wall", alvenaria ou madeira, podem receber pintura e custam R$ 350 por metro quadrado instalado.
Revestir um metro quadrado de parede com pedras naturais custa um décimo disso -a partir de R$ 35, incluindo mão-de-obra, mas pode chegar à casa dos R$ 140-, mas implica sujeira na colocação (com areia e cimento) e dificuldade de limpeza.

Durabilidade
O material usado em peças e estruturas é composto por fibras de vidro, responsáveis pela resistência, e resina (como epóxi e poliéster), e a mistura tem vida longa, dizem engenheiros e fabricantes.
"É incorrosível, muito resistente a intempéries, especialmente à salinidade da brisa em regiões próximas ao mar", afirma Protasio Ferreira e Castro, 56, professor da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense.
Mas, com o tempo, as peças expostas às intempéries ficam amareladas. "Em geral, duram de oito a dez anos, mas é possível limpá-las. As telhas podem receber aditivos para proteção contra os raios ultravioleta", explica Carlos Ferrari Ramos, 53, diretor do Centro de Serviços de Fibra de Vidro.
"Uma casa pode ser totalmente feita em fibra de vidro. Já fizemos projetos assim, mas não foram aprovados por causa do alto custo", diz José Ruas, 39, gerente comercial da fabricante Cogumelo.
Ruas calcula que uma casa feita com fibra de vidro custe 60% a mais do que uma em alvenaria. "É cara na compra, mas não requer manutenção", pondera Ramos.


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