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RECICLAGEM
Trituradores são outro recurso para reduzir os dejetos caseiros
Composteira transforma lixo orgânico em adubo
BRUNA MARTINS FONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Para que os restos do jantar
de hoje ajudem no cultivo das refeições de amanhã, há quem dispense tratamento diferenciado ao
lixo e construa em casa pequenas
"usinas" para compostagem.
Isso significa que os resíduos orgânicos são coletados em um recipiente. O material se decompõe
-sem exalar cheiro ou atrair insetos, se o processo for corretamente seguido- e produz um
composto usado como adubo.
"A iniciativa reduz em mais de
50% o peso total do lixo", diz Ana
Maria de Meira, 26, engenheira
florestal e educadora do projeto
USP (Universidade de São Paulo)
Recicla. Ela se refere à compostagem, mas o número serve para a
trituração, outra técnica para diminuir a quantidade de resíduos
orgânicos em casa.
A diferença é que, instalado
na pia, o triturador apenas fraciona os dejetos, que, posteriormente, são lançados no esgoto e não
voltam na forma de adubo.
Cada paulistano gera, em média, 700 gramas de lixo por dia, o
que totaliza 10 mil toneladas diárias na cidade. Conforme a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, cerca de 35% do lixo pode ser
reciclado, e outros 35%, transformados em adubo orgânico.
Ralo abaixo
A dona-de-casa Luciana Brandão Lisboa, 34, conta que em seu
prédio encontrou problemas com
o descarte do lixo.
"Os vizinhos viviam discutindo
por causa da má embalagem." Isso a motivou a adotar, há cerca de
um ano, um triturador, que utiliza para jogar todo material orgânico que consome em casa, "inclusive ossos".
"Assim, evito lixeiras. Acho
mais higiênico", diz Lisboa, que
também encaminha materiais para reciclagem, minimizando ainda mais o volume jogado fora.
O sistema é popular nos EUA.
"Eles [os norte-americanos] têm
hábitos diferentes dos nossos,
compram tudo pronto, enquanto
nosso lixo tem muita matéria orgânica", pondera a bióloga Maluh
Barciotte, diretora-presidente do
Instituto Kairós (organização
não-governamental que trata
de consumo responsável).
Não suportável
Em São Paulo, a rede de tratamento de esgoto não suportaria
um aumento grande de material
orgânico, diz o engenheiro sanitarista Américo Sampaio, 45, gerente de controle sanitário da diretoria de sistemas regionais da Sabesp (Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo).
"As estações [de tratamento] foram projetadas para tratar uma
carga orgânica média. Se ela aumentar substancialmente, a capacidade de tratamento não será suficiente." Ele recomenda descartar apenas parte, e não todo o lixo
orgânico, no triturador. E afirma
que, como 35% do esgoto do Estado não é tratado e vai para os
rios, esse aumento de matéria orgânica pode prejudicá-los.
Biólogos e especialistas em ambiente explicam que a matéria orgânica alimenta bactérias que retiram o oxigênio da água e cuja
proliferação pode causar a morte
de peixes, como no rio Tietê.
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