São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 2006

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Casa fica acessível em poucos passos

Novos selos passam a certificar, em 2007, imóveis para portadores de necessidades especiais

Renato Stockler/Folha Imagem
Cauê (à esq.) e seu pai, Roberto Monaco: conflito na decisão de substituir escada caracol por elevador


GIOVANNY GEROLLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Portas mais largas, interruptores mais baixos, barras de segurança, corrimãos adicionais e espaços livres, sem tapetes e com poucos móveis.
À primeira vista, esses "detalhes" podem passar despercebidos para um observador menos atento. Para quem tem uma necessidade especial, porém, eles fazem toda a diferença no projeto de uma casa.
Só no Estado de São Paulo, há aproximadamente 1 milhão de portadores de alguma deficiência ou limitação física.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), eles representam 15% da população do país, "sem contar outros 10% que já passaram dos 60 anos e têm alguma dificuldade", calcula a presidente do IBA (Instituto Brasil Acessível), Sandra Perito, 46.
Abrir as portas para a inclusão pode envolver até a visita de um amigo ou parente. "Imagine receber uma pessoa em cadeira de rodas e ela não poder ir ao banheiro porque não passa pela porta", exemplifica a arquiteta da Seped (Secretaria Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura de São Paulo), Silvana Cambiaghi, 46.
Usuária da cadeira, ela relata ter levado muito tempo para encontrar um imóvel para morar que fosse adaptado às suas necessidades.
Segundo o IBA, quando os espaços são preparados desde o projeto, os custos de uma casa universal são os mesmos. "Em moradias populares de 30 m2, eles sobem 3%", pontua Perito. "Se a casa tiver mais de 80 m2, não há impacto."
"Adaptações simples dos projetos originais são baratas", complementa a professora do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos Lea Beatriz Teixeira Soares, 49.
Para divulgar a acessibilidade, a Seped criou, em parceria com o IBA, os selos "Habitação Universal" e "Habitação Visitável", para certificar imóveis prontos ou em fase de projeto.
"As certificações têm início previsto para 2007", anuncia a secretária da Seped, Mara Gabrilli, 39. "Nossa intenção é divulgar a idéia sem custos para quem procura o selo", defende.

No braço
Na casa do arquiteto Roberto Monaco, 56, nem todos os espaços são acessíveis. Seu filho, Cauê de Freitas Monaco, 26, sofre de doença neuromuscular progressiva desde os três anos.
"Optei por não adaptar tudo na casa para prepará-lo para a realidade da rua", afirma.
Roberto tenta ainda convencer Cauê, que é médico residente, de que é importante manter a força dos braços, necessários, por exemplo, para se agarrar ao corrimão e descer as escadas para o quarto.
"Por mim, já teria um elevador", diz o rapaz.


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