Escolha do móvel deve seguir critérios de ergonomia, como profundidade do assento

CRISTIANE CAPUCHINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Selecionar a mobília para a casa vai além de decidir entre cores e tecidos em voga. Na escolha de poltronas e sofás, por exemplo, estabelecer critérios de conforto é questão de saúde, afirmam especialistas.
Encosto baixo, assento muito fundo ou muito raso e distância inapropriada do chão ao assento são os problemas geralmente encontrados em modelos de grande venda.
Para Luís Cláudio Portugal, professor de design da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), o projeto da mobília deve primar pelo conforto e pela segurança e valer tanto para crianças como para idosos -daí a necessidade de considerar a compra de acordo com os moradores da casa.
A altura do assento deve equivaler à distância entre os pés e os joelhos, formando um ângulo de 90. O encosto deve ter uma ligeira inclinação para trás, com a parte inferior curva (veja quadro abaixo).
"Se as pessoas da família têm perfis muito diferentes, a altura pode ser compensada com almofadas [no assento]", explica Sônia Takara, fisioterapeuta.
Outra questão importante é a profundidade do sofá. Assentos muito curtos deixam o joelho longe do móvel e causam tensão na articulação.
Se muito profundos, o usuário tem de projetar a coluna para trás para alcançar o encosto e fica sem apoio na lombar -parte inferior da coluna.

Experimentar
A escolha também deve ser orientada pela tarefa a que se destina a mobília. Poltronas para leitura, por exemplo, devem ter apoio para a nuca.
Na hora de mudar para o novo apartamento, Álvaro Delalamo, 78, fez questão de colocar na sala um assento especial para assistir à televisão.
O aposentado, que já fez duas cirurgias de hérnia de disco, queria uma poltrona com regulagens para o conforto da coluna, semelhantes às dos assentos de carro.
Uma vez escolhido o modelo, é necessário testá-lo no momento da compra. "O consumidor deve sentar e observar as características de acomodação", ensina Francisco Miguel, fisioterapeuta da Escola de Postura do Brasil.
"O sofá não deve ficar deformado, e o usuário deve ter apoios suficientes para manter uma postura adequada."
Sofás que afundam, lembra Miguel, parecem muito confortáveis, mas, "se você ficar neles por muito tempo, comprometerá sua coluna".

Regras
Uma norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) exige dimensões mínimas para sofás e poltronas, mas não estabelece parâmetros máximos que assegurem o conforto do usuário.
"Temos uma carência de normas para móveis domésticos com quesitos de ergonomia", afirma Mário Leoni, do Laboratório de Ensaios de Móveis do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).
Entretanto a norma é exigente quanto a testes de resistência da estrutura, de madeira ou aço, e da espuma ou das molas.
"O consumidor deve exigir o selo de conformidade do produto com as regras da ABNT", lembra Leoni.
Para obter mais informações sobre ergonomia, a Escola de Postura Brasil, em Campo Grande (RJ), oferece mensalmente cursos para leigos com recomendações básicas para a escolha da mobília doméstica.
O curso acontece no primeiro sábado de cada mês. Inscrições podem ser feitas pelo site www.escoladepostura.com.br.


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