São Paulo, domingo, 20 de maio de 2007

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EFEITO PANTUFA

Madeiras e fibras quebram o gelo de pedras e cerâmicas

Cores e luzes quentes ajudam na composição de ambientes aquecidos

Renato Stockler/Folha Imagem
A arquiteta Cláudia Haguiara tem lareira, sofá de camurça vermelha, manta e tapete felpudo na sala


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Explorar o uso de materiais que retêm mais calor, como madeira, fibras naturais, couro, lã e veludo, é uma solução de arquitetos e decoradores para tornar os ambientes mais aconchegantes no inverno.
Alguns dos artifícios, mais permanentes, tornam o clima da casa agradável nos dias frios, mas não a ponto de causar um efeito estufa indesejável em estações mais quentes.
Está em alta agasalhar os espaços com bambu, madeira de demolição, fibras naturais e materiais reciclados.
A fabricante Mistura Nativa, por exemplo, trabalha com revestimento de apuí, tipo de cipó com diâmetro de até 4 cm.
Segundo a designer de interiores Ana Jardim, o cipó pode ser utilizado tanto na cor natural como tingido ou pintado. "Serve como revestimento de teto, paredes, biombos e até cachepôs", esclarece.
A fibra (R$ 290 o m2) pode ser moldada para criar detalhes em móveis e acabamentos.
A Casa Fortaleza lançou um papel de fibra de banana, em placas de 50 cm x 70 cm (R$ 33,70, 19 tons), aplicado com cola branca em paredes e tetos.
É produzido por comunidade carente no Vale do Ribeira (SP), por meio da extração manual da fibra de banana proveniente do caule, que antes era descartado como lixo orgânico.
Espaços com vocação para iglu doméstico oferecem um desafio maior para encapotar.
Em um lavabo, a arquiteta Renata Foganholi instalou painel de madeira revestido de folhas na parede -custa, em média, R$ 400 o m2- e piso laminado (R$ 79 o m2), menos frios que pedras ou cerâmica.

Roupas de inverno
Para os mais encalorados, que querem se livrar das "roupas de inverno" ao menor sinal de aquecimento, a arquiteta Bianka Mugnatto sugere ambientes versáteis, que se transformem com pequenas e rápidas interferências e se adaptem à diversidade climática.
"Elementos como cortinas mais pesadas de linho, almofadas de veludo, tapetes felpudos e mantas dobradas sobre pufes, que vão estar sempre à mão na hora de tomar um chocolate quente, são indicados", define.
Em uma sala de estar com piso de mármore branco, a arquiteta Shenia Nogueira optou por cortinas com forro, xale sobre os sofás de veludo, tapetes de lã e painéis de madeira laqueada.
"Passou a ser um ambiente mutante. Depois que os dias frios acabam, é só guardar a decoração", argumenta.
"O uso de mantas de pêlo está em alta", lembra a arquiteta Gláucia Taraskevicius.

Efeito psicológico
Esquentar pelos olhos é outro recurso sugerido por Taraskevicius: o uso de certas cores proporciona "calor psicológico" à decoração. "Gosto de explorar detalhes em chocolate, café e tons terrosos."
A iluminação também exerce esse papel. "Abajures com lâmpadas de tonalidade amarelada, que se associam ao fogo, perto de poltronas e sofás, caracterizam um ambiente intimista e acolhedor", comenta.
Criar um calor ilusório levou as marcas Portobello e Portinari a desenvolver cerâmicas que, embora frias, pareçam quentes.
A Portobello lançou a linha Ecowood, que imita tábuas maciças de madeira de demolição. Os formatos (15 cm x 90 cm e 22,5 cm x 90 cm, R$ 171,90 o m2) são similares aos das tábuas corridas de madeira.
A linha Eco da Portinari também usou a natureza como fonte de inspiração. Os ambientes revestidos com as peças dão a impressão de terem elementos como fibra, madeira, couro, pele e vegetação. (RM)


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