|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EFEITO PANTUFA
Madeiras e fibras quebram o gelo de pedras e cerâmicas
Cores e luzes quentes ajudam na composição de ambientes aquecidos
Renato Stockler/Folha Imagem
|
A arquiteta Cláudia Haguiara tem lareira, sofá de camurça vermelha, manta e tapete felpudo na sala |
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Explorar o uso de materiais
que retêm mais calor, como
madeira, fibras naturais, couro,
lã e veludo, é uma solução de arquitetos e decoradores para
tornar os ambientes mais aconchegantes no inverno.
Alguns dos artifícios, mais
permanentes, tornam o clima
da casa agradável nos dias frios,
mas não a ponto de causar um
efeito estufa indesejável em estações mais quentes.
Está em alta agasalhar os espaços com bambu, madeira de
demolição, fibras naturais e
materiais reciclados.
A fabricante Mistura Nativa,
por exemplo, trabalha com revestimento de apuí, tipo de cipó
com diâmetro de até 4 cm.
Segundo a designer de interiores Ana Jardim, o cipó pode
ser utilizado tanto na cor natural como tingido ou pintado.
"Serve como revestimento de
teto, paredes, biombos e até cachepôs", esclarece.
A fibra (R$ 290 o m2) pode
ser moldada para criar detalhes
em móveis e acabamentos.
A Casa Fortaleza lançou um
papel de fibra de banana, em
placas de 50 cm x 70 cm (R$
33,70, 19 tons), aplicado com
cola branca em paredes e tetos.
É produzido por comunidade carente no Vale do Ribeira
(SP), por meio da extração manual da fibra de banana proveniente do caule, que antes era
descartado como lixo orgânico.
Espaços com vocação para
iglu doméstico oferecem um
desafio maior para encapotar.
Em um lavabo, a arquiteta
Renata Foganholi instalou painel de madeira revestido de folhas na parede -custa, em média, R$ 400 o m2- e piso laminado (R$ 79 o m2), menos frios
que pedras ou cerâmica.
Roupas de inverno
Para os mais encalorados,
que querem se livrar das "roupas de inverno" ao menor sinal
de aquecimento, a arquiteta
Bianka Mugnatto sugere ambientes versáteis, que se transformem com pequenas e rápidas interferências e se adaptem
à diversidade climática.
"Elementos como cortinas
mais pesadas de linho, almofadas de veludo, tapetes felpudos
e mantas dobradas sobre pufes,
que vão estar sempre à mão na
hora de tomar um chocolate
quente, são indicados", define.
Em uma sala de estar com piso de mármore branco, a arquiteta Shenia Nogueira optou por
cortinas com forro, xale sobre
os sofás de veludo, tapetes de lã
e painéis de madeira laqueada.
"Passou a ser um ambiente
mutante. Depois que os dias
frios acabam, é só guardar a decoração", argumenta.
"O uso de mantas de pêlo está
em alta", lembra a arquiteta
Gláucia Taraskevicius.
Efeito psicológico
Esquentar pelos olhos é outro recurso sugerido por Taraskevicius: o uso de certas cores
proporciona "calor psicológico" à decoração. "Gosto de explorar detalhes em chocolate,
café e tons terrosos."
A iluminação também exerce
esse papel. "Abajures com lâmpadas de tonalidade amarelada,
que se associam ao fogo, perto
de poltronas e sofás, caracterizam um ambiente intimista e
acolhedor", comenta.
Criar um calor ilusório levou
as marcas Portobello e Portinari a desenvolver cerâmicas que,
embora frias, pareçam quentes.
A Portobello lançou a linha
Ecowood, que imita tábuas maciças de madeira de demolição.
Os formatos (15 cm x 90 cm e
22,5 cm x 90 cm, R$ 171,90 o
m2) são similares aos das tábuas corridas de madeira.
A linha Eco da Portinari também usou a natureza como fonte de inspiração. Os ambientes
revestidos com as peças dão a
impressão de terem elementos
como fibra, madeira, couro, pele e vegetação.
(RM)
Texto Anterior: Efeito pantufa Próximo Texto: "Hot line" Índice
|