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FEIRA
Equipamentos para controlar o tempo do banho e a vazão de água em torneiras estão entre as criações expostas na Febrace
Projetos fecham o ralo para o desperdício
BRUNA MARTINS FONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Usar a tecnologia para poupar o
ambiente foi a tônica das inovações voltadas para a casa na Febrace (Feira Brasileira de Ciências
e Engenharia), realizada de 10 a 12
de março na Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo.
As propostas para habitação,
feitas por estudantes de nível médio de todo o país, foram além da
teoria e mostraram pé no chão
para entrar em casa. Projetos
apresentaram um lar que identifica o morador e traduz suas preferências, regula o tempo do banho
e possui lixeira que só se abre para
metais, entre outros inventos.
Evitar o desperdício no banheiro foi a preocupação predominante dos estudantes, que mostraram dois protótipos inéditos
para economizar água.
No banho, o temporizador de
chuveiros, idealizado por alunos
da Escola Técnica Professor Everardo Passos, de São José dos
Campos (SP), recebe o comando
do tempo desejado para o banho e
liga ou desliga a água de acordo
com o que detectam os sensores.
Na pia, a invenção de Pedro Bôa
Nova, da Escola Técnica de Volta
Redonda (RJ), agrega um controlador manual de vazão a torneiras
automáticas acionadas com sensor de presença.
"Assim, pode-se regular a quantidade de água para ser usada e diminuir o fluxo em épocas de racionamento", explica Bôa Nova.
As iniciativas são consideradas
inéditas. Já há, no exterior, chuveiros com sensores que interrompem o banho por limite de
tempo ou ao detectar o afastamento. No Brasil, esse chuveiro
está em fase de desenvolvimento
pela Deca. "Nenhum modelo traz
a possibilidade de controlar o
tempo de banho livremente", comenta Fábio Camurri, 35, engenheiro de aplicação da Deca.
Na linha de torneiras, ele conta
que não conhece nenhum tipo de
regulador manual de fluxo. "A
princípio, não vejo muita vantagem, porque, em casa, as pessoas
usam a mesma quantidade de
água para lavar as mãos ou escovar os dentes", diz.
Reúso
Outra saída para diminuir o
consumo de água foram dois esquemas para reusar, no vaso sanitário, a água do chuveiro ou a da
pia. Mas, antes de aplicá-los, é
preciso cuidado, segundo Márcio
Augusto Araújo, 40, consultor do
Idhea (Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica).
"A água do banho tem material
orgânico, que pede tratamento
químico para não se acumular
nas paredes do reservatório. A da
pia é menos complicada."
Para a arquiteta Roberta Mülfarth, 33, pesquisadora do Núcleo
de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da USP,
antes de colocar esses produtos
no mercado, é preciso contar com
uma boa conscientização. "Será
que as pessoas aceitariam ter uma
água usada no vaso sanitário?"
Outros resíduos (os industriais)
foram reutilizados para dar forma
a materiais de construção.
Estudantes do Senai (Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial) agregaram lama (resíduo de marmorarias) em peças de
cerâmica, que ficaram mais resistentes do que as tradicionais.
Já os alunos da Escola Técnica
do Paraná usaram embalagens de
defensivos agrícolas para substituir a brita em itens de concreto.
"Além da tríplice lavagem [procedimento de limpeza para embalagens de conteúdos tóxicos], deve-se fazer outra, mais apurada,
na peça, para saber se não solta
contaminantes", sugere Araújo.
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