São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2004

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ECONOMIA

Profissionais gastam o dobro de material para compensar pouco conhecimento; pressa causa falhas no revestimento

Poupar tempo e mão-de-obra custa mais

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Não é só nos caixas das lojas que se erra ao tentar gastar menos. Economizar tempo e investir em mão-de-obra pouco qualificada completam os três pontos que fazem o barato custar caro.
Quem quer enxugar o tempo da obra pode acabar com paredes "enrugadas", cheias de bolhas ou com fissuras, por exemplo (confira mais casos no quadro acima).
Um assentamento feito às pressas não respeita o tempo de cura (evaporação total da água) do contrapiso ou entre o assentamento e o rejuntamento.
"Com isso, podem aparecer eflorescências [manchas esbranquiçadas] e desgastes", explica a engenheira Lilian Lima Dias, do Centro Cerâmico do Brasil.
Outro problema freqüente é trocar mão-de-obra qualificada por um profissional que cobra menos, mas não conhece a fundo o serviço que deve ser feito.
Segundo Ubiraci Espinelli, professor do departamento de construção civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, cerca de 60% das obras são informais e não têm o aval de um engenheiro ou de um arquiteto.
Por falta de qualificação, a mão-de-obra pode optar por produtos fora das especificações técnicas, o que compromete a estrutura e o acabamento. E pode custar o dobro, afirma o engenheiro Carim Elmor, diretor da Atala Elmor Engenharia e Construções.
"Para compensar a falta de conhecimento, o pedreiro gasta quantidades maiores de cimento, aço e produtos de acabamento."

Por trás da parede
Na parte hidráulica, as falhas ocorrem por desconhecimento das especificações técnicas de temperatura e de pressão, revela Laura Macelini, gerente de produtos do mercado predial da Tigre.
Quando o assunto é a instalação elétrica, o dimensionamento errado de disjuntores (calculado em função da carga a ser instalada) torna-se um problema recorrente. "Ter um disjuntor mal dimensionado é pior do que não ter. Dá uma falsa idéia de segurança", alerta Edson Martinho, consultor do Instituto Brasileiro do Cobre.
O uso de fios de seções menores, de 1,5 mm2 em vez de 2,5 mm2, é comum. A troca poupa 10% em material, mas sobrecarrega o sistema de transmissão e o aquece, o que pode provocar um curto-circuito ou encarecer a conta de luz.
Produtos de má qualidade ou que não seguem as normas técnicas custam até 30% menos do que os de primeira linha. No caso de blocos cerâmicos, setor que reúne cerca de 7.500 fábricas, é difícil distinguir os bons dos ruins.
"Há muito tijolo pirata, de baixíssima qualidade, mas com preços bem atraentes", atesta Luis Lima, da Anicer (Associação Nacional da Indústria Cerâmica). (AR)


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