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Canteiro organizado reduz custos da obra
Sem gestão de resíduos, gasto com materiais aumenta em até 40%
Marcelo Justo/Folha Imagem
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Dentro da obra, baias podem ser construídas com blocos ou aglomerado para separar os materiais
CRISTIANE CAPUCHINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O monte de areia depositado
diretamente na calçada ou no
terreno compõe uma cena comum nos canteiros de obra.
E é indicativo de um problema que aumenta em até 40% os
gastos com material de construção: a falta de gestão de resíduos, alerta o professor da Poli-USP (Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo)
Ubiraci Lemes de Souza.
Nem sempre é necessário ter
acompanhamento técnico de
um especialista para evitar desperdícios. Algumas precauções
simples, como o correto armazenamento dos materiais -a
areia, por exemplo, deve ficar
sobre uma camada de brita
(leia dicas nos quadros)-, já
ajudam a minimizar as perdas.
"Não há cuidado na hora de
receber, armazenar e carregar
o material. Isso tudo significa
perda", concorda Lilian Sarrouf, diretora-executiva do
CBCS (Conselho Brasileiro da
Construção Sustentável).
A perda do material no canteiro representa um gasto dobrado: a soma do preço do item
ao custo de transporte e de descarte dos resíduos.
"Os principais [responsáveis
por perdas na obra] são os serviços que envolvem moldagem,
como revestimentos de gesso.
Toda vez que o material endurece antes da aplicação, vira resíduo", exemplifica Souza.
No caso de cimentos e argamassas, só deve ser preparada a
quantidade a ser usada em uma
hora e meia. Depois disso, o
material perde parte de sua capacidade de aderência, explica
o professor Souza.
Gambiarras nas partes elétrica e hidráulica usadas durante a
obra também são comuns e geram perda. Uma mangueira velha com vazamentos ou uma ligação elétrica com fios descascados no decorrer da construção custam mais do que a adequação das instalações.
No caso da eletricidade, o uso
de um só ponto "sobrecarrega a
instalação e gera perda de energia com o calor criado, além de
ser perigoso", afirma Sarrouf.
Prevenção
Grande parte do desperdício
pode ser evitada no projeto da
construção: ele deve prever os
tamanhos das peças utilizadas
segundo os produtos à venda
no mercado. Paredes e cômodos requerem um planejamento que leve em conta os múltiplos tamanhos de blocos e peças de cerâmica.
Tamanhos como um quarto e
um oitavo de bloco são opções
existentes. Apesar de mais caros do que a fração a que se referem, representam economia
em relação ao bloco completo e
ganho de tempo na obra.
AREIA
Para que não haja
contaminação da areia
com terra, coloque uma
camada de brita antes
de despejar o material.
Faça uma baia de
madeirite em torno dele
para que não se espalhe
SACARIA
Cimentos e argamassa
devem ser estocados
em local seco e sem
contato com o solo. O
ideal é colocá-los sobre
uma plataforma de
madeira, protegidos da
umidade
POEIRA
Materiais em pó, como
cimento, devem ser
preparados em local
ventilado. A obra requer
limpeza diária, com
varrição; umedecer a
poeira já melhora a
qualidade do ar
RECICLAR
Embalagens de papel e de plástico devem ser separadas de demais resíduos. Para incentivar esse cuidado entre operários, faça uma festa financiada pela venda desse material
REÚSO
Batentes, portas,
esquadrias e cerâmicas
antigos podem ser
reutilizados. A cerâmica
pode servir em outro
espaço ou como
mosaico, para manter a
memória da edificação
SUJEIRA
Na reforma de um
cômodo, para que o uso
do resto da casa não
seja muito afetado, é
necessário vedar portas
e janelas com plástico e
espuma. Além disso, a
obra deve ter entrada
separada da casa
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