São Paulo, domingo, 23 de agosto de 2009

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Canteiro organizado reduz custos da obra

Sem gestão de resíduos, gasto com materiais aumenta em até 40%

Marcelo Justo/Folha Imagem
Dentro da obra, baias podem ser construídas com blocos ou aglomerado para separar os materiais

CRISTIANE CAPUCHINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O monte de areia depositado diretamente na calçada ou no terreno compõe uma cena comum nos canteiros de obra.
E é indicativo de um problema que aumenta em até 40% os gastos com material de construção: a falta de gestão de resíduos, alerta o professor da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo) Ubiraci Lemes de Souza.
Nem sempre é necessário ter acompanhamento técnico de um especialista para evitar desperdícios. Algumas precauções simples, como o correto armazenamento dos materiais -a areia, por exemplo, deve ficar sobre uma camada de brita (leia dicas nos quadros)-, já ajudam a minimizar as perdas.
"Não há cuidado na hora de receber, armazenar e carregar o material. Isso tudo significa perda", concorda Lilian Sarrouf, diretora-executiva do CBCS (Conselho Brasileiro da Construção Sustentável).
A perda do material no canteiro representa um gasto dobrado: a soma do preço do item ao custo de transporte e de descarte dos resíduos.
"Os principais [responsáveis por perdas na obra] são os serviços que envolvem moldagem, como revestimentos de gesso. Toda vez que o material endurece antes da aplicação, vira resíduo", exemplifica Souza.
No caso de cimentos e argamassas, só deve ser preparada a quantidade a ser usada em uma hora e meia. Depois disso, o material perde parte de sua capacidade de aderência, explica o professor Souza.
Gambiarras nas partes elétrica e hidráulica usadas durante a obra também são comuns e geram perda. Uma mangueira velha com vazamentos ou uma ligação elétrica com fios descascados no decorrer da construção custam mais do que a adequação das instalações.
No caso da eletricidade, o uso de um só ponto "sobrecarrega a instalação e gera perda de energia com o calor criado, além de ser perigoso", afirma Sarrouf.

Prevenção
Grande parte do desperdício pode ser evitada no projeto da construção: ele deve prever os tamanhos das peças utilizadas segundo os produtos à venda no mercado. Paredes e cômodos requerem um planejamento que leve em conta os múltiplos tamanhos de blocos e peças de cerâmica.
Tamanhos como um quarto e um oitavo de bloco são opções existentes. Apesar de mais caros do que a fração a que se referem, representam economia em relação ao bloco completo e ganho de tempo na obra.




AREIA
Para que não haja contaminação da areia com terra, coloque uma camada de brita antes de despejar o material. Faça uma baia de madeirite em torno dele para que não se espalhe

SACARIA
Cimentos e argamassa devem ser estocados em local seco e sem contato com o solo. O ideal é colocá-los sobre uma plataforma de madeira, protegidos da umidade

POEIRA
Materiais em pó, como cimento, devem ser preparados em local ventilado. A obra requer limpeza diária, com varrição; umedecer a poeira já melhora a qualidade do ar

RECICLAR
Embalagens de papel e de plástico devem ser separadas de demais resíduos. Para incentivar esse cuidado entre operários, faça uma festa financiada pela venda desse material

REÚSO
Batentes, portas, esquadrias e cerâmicas antigos podem ser reutilizados. A cerâmica pode servir em outro espaço ou como mosaico, para manter a memória da edificação

SUJEIRA
Na reforma de um cômodo, para que o uso do resto da casa não seja muito afetado, é necessário vedar portas e janelas com plástico e espuma. Além disso, a obra deve ter entrada separada da casa


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