São Paulo, domingo, 24 de novembro de 2002

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PLANEJAMENTO

Contratar um arquiteto ou engenheiro para monitorar a obra evita desperdícios e alterações no projeto original; o problema é que isso custa

A tranquilidade tem seu preço

ANDREA MIRAMONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Antes de decidir a maneira como será pago o material de construção, há uma questão concreta: tocar a obra sozinho ou contratar um arquiteto ou um engenheiro?
Cálculo correto de material, melhor solução para os espaços e supervisão sobre o serviço executado são algumas das vantagens de ter um profissional ao lado. A ressalva é o fato de isso ter um preço.
O arquiteto e diretor da AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura) Márcio Mazza, 51, conta que a presença desse profissional pode ajudar a resolver melhor os espaços. "Resolvemos o problema levando em conta insolação, fluxo de pessoas e inclinações adequadas. Se forem considerados os benefícios, os custos não são altos."
Outro ponto positivo é o respeito ao projeto. "O profissional presente é uma garantia de que vai sair conforme o combinado."

Custos
Mazza calcula que o preço para gerenciar varia de R$ 60 a R$ 90 por hora. Já o valor pedido pelos engenheiros fica entre R$ 60 e R$ 100 por hora, de acordo com o engenheiro Manoel Botelho, 60, sócio do Instituto de Engenharia.
"Na prática, o arquiteto tem mais sensibilidade em relação ao espaço e pode transformá-lo com uma boa idéia. Já o engenheiro fica com os cálculos e com a execução", completa Botelho.
Mesmo assim, muitos preferem fazer a obra sozinhos e obtêm bons resultados. É o caso do empresário Bruno Roberto Leite, 43, que está construindo um prédio de três andares.
"Tenho os cálculos do engenheiro e um projeto em mãos. Eu tomo conta dos pedreiros, mas é preciso ficar atento, pois a mão-de-obra geralmente não está preocupada se o prédio vai cair."
O ferramenteiro Joaquim Vicente Mariano, 49, também reformou toda a casa sem ajuda. "Quem não queria ter um arquiteto para fazer a obra, distribuir bem os espaços? Mas é caro."
Outros comprovaram que um profissional nem sempre garante um serviço de primeira. Quando a professora Helena Maisonnave, 61, resolveu reformar sua casa, chamou um engenheiro, pois o imóvel é antigo. Mas o contratado deixou de recordação várias rachaduras nas paredes.
"Uma viga foi retirada. Logo depois, a laje cedeu, surgiram rachaduras e infiltrações. Agora, sempre que abro a janela da sala, cai poeira do teto. Criou-se um problema onde não havia."
Segundo o Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor), todos os que participaram da obra têm responsabilidade solidária. E o consumidor pode pleitear o reparo do prejuízo.

Aventura
Muitas vezes, quem contrata um arquiteto ou engenheiro para estar presente quer ficar de cabeça fresca. Já quem se aventura sozinho no trato com pedreiros, pintores e serventes deve ser precavido para evitar armadilhas, como a que aconteceu com o médico José Maria Almeida, 65.
Ao assumir a reforma da casa de campo, ele ficou com os armários embutidos malfeitos e janelas pela metade. "Conhecia o marceneiro e confiei, mas, depois de receber o adiantamento, ele sumiu."
Arrependido, Almeida recomenda a quem vai reformar que procure profissionais com firma registrada e que faça um contrato por escrito, com descrição de todo serviço a ser realizado.
A advogada Maria Inês Dolci, 45, da Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), concorda. "Não dá para contratar alguém de forma oral. Já um orçamento escrito bem-feito, com discriminação de valor, preço, prazo de conclusão, pagamentos e especificações da obra é válido na hora de cobrar judicialmente."
De acordo com Dolci, se a obra for contratada por empreitada, o ideal é especificar o preço da mão-de-obra separado do material.


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