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Produto reciclado e de baixo impacto ambiental também evita danos à saúde
Primeira obra pública sustentável do país começa a ser construída em março
Casa sustentável não derruba ambiente
BRUNA MARTINS FONTES
EDITORA-ASSISTENTE DE CONSTRUÇÃO E IMÓVEIS
Se tentarmos mapear o caminho que percorrem os materiais
que usamos para construir ou reformar uma casa, o quadro traçado será, no mínimo, preocupante.
No nascedouro, veremos que a
indústria da construção civil é a
que mais retira matérias-primas
da natureza. No meio do trajeto,
encontraremos produtos nocivos
à saúde de quem convive com eles
entre quatro paredes. Por fim,
descobriremos que o volume de
entulho gerado em São Paulo é o
dobro do de lixo doméstico.
Mesmo assim, nem o ambientalista mais ferrenho há de engavetar suas plantas, porque é possível
erguer uma casa sem demolir o
ambiente -e isso não tem nada a
ver com construí-la no meio do
mato. O caminho é a construção
sustentável, que não engloba só a
escolha de materiais de baixo impacto ambiental mas também de
tecnologias que permitam à casa
funcionar sem exaurir os recursos
naturais, como água e energia.
A construção sustentável abraça
também produtos e conceitos
ecológicos, mas não se resume a
eles. "Todo produto ecológico é
sustentável, mas nem tudo que é
sustentável é ecológico", estrutura Márcio Araújo, consultor do
Idhea (Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica).
Um exemplo de sustentável que
não é ecológico são os produtos
reciclados, como telhas de embalagens longa vida e conduítes de
embalagens de agrotóxicos desintoxicadas (veja quadro abaixo).
"Uma obra em meio urbano deveria usar reciclados. O uso desses
materiais mostra que somos responsáveis pelo que consumimos", completa Araújo.
Até o cimento e os plásticos, que
nada têm de ecológicos, podem
ganhar uma faceta sustentável. É
o caso do cimento CP 3, produzido com resíduos da indústria siderúrgica. Os plásticos "do bem"
são os que podem passar por reciclagem e não são nocivos à saúde.
Lojas e obras "verdes"
Já há uma boa gama de produtos sustentáveis que podem substituir os convencionais, da estrutura ao acabamento. No entanto,
eles não são vendidos nas lojas de
materiais de construção.
"É preciso rodar muito para
achar todos os produtos", analisa
Vanessa Gomes da Silva, 34, uma
das fundadoras do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
e professora do curso de pós-graduação em construção sustentável da Faculdade de Engenharia
Civil, Arquitetura e Urbanismo
da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
A boa notícia é que encontrar
esses materiais e tecnologias está
ficando cada vez menos difícil.
Em São Paulo, há três lojas especializadas em produtos sustentáveis. São o Espaço Casa Ecológica,
a Primamatéria e a Supergreen
(confira telefones no quadro).
Outro exemplo de que é possível construir usando materiais e
tecnologias sustentáveis é que recentemente saiu o vencedor da
primeira licitação no Brasil para
uma obra pública sustentável -a
construção começará em março.
Será o laboratório de pesquisas
da Fundação Jardim Botânico de
Poços de Caldas (MG), e o edital,
feito sob supervisão do Idhea, exige itens como concreto com cimento CP 3, fôrmas de plástico
em vez das de madeira, impermeabilizante vegetal, tijolos de solo-cimento e pintura mineral.
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