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Produto com solvente libera composto que afeta cabeça, rins, fígado e olhos
Dois fabricantes já vendem em SP tintas saudáveis, à base de terra ou de minerais
Tintas e vernizes deixam perigo no ar
DA REDAÇÃO
De todos os elementos de uma
construção saudável, o ar parece
ser o mais abstrato, especialmente
porque as ameaças à nossa saúde,
nesse caso, não estão à vista. São
os compostos orgânicos voláteis.
Também chamados de COVs,
essas substâncias "evaporam" de
muitos itens, como tintas, vernizes, produtos de limpeza, carpetes, colas e impressoras.
Teimosos, persistem no ar por
bastante tempo. O problema se
agrava em ambientes fechados,
porque o convívio com os COVs
irrita os olhos, o nariz e a garganta
e causa dor de cabeça, náusea, danos ao sistema nervoso, ao fígado
e aos rins, além de agravar rinite
alérgica e asma.
"Os COVs afetam mais a saúde
do morador do que o ambiente",
concorda Kai Loh Uemoto, especialista em tintas e pesquisadora
da Escola Politécnica da USP.
"Daí a importância do assunto,
especialmente nos debates sobre a
"síndrome do edifício doente",
que não se limita apenas aos problemas causados pelo ar-condicionado", completa.
Tintas
Como os COVs estão mais concentrados nos ambientes fechados do que nos abertos, um meio
de zelar pela qualidade do ar interno é adotar tintas, colas e protetores de madeira menos nocivos. No caso das tintas, não há como fugir deles nas prateleiras das
lojas de materiais de construção.
"As látex vêm sendo aprimoradas para reduzir o nível de COVs,
mas continuam tendo 2% desses
compostos", diz Jorge Fazenda,
68, assessor técnico da Abrafati
(Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas).
Todos os solventes usados nas
tintas (exceto a água) são considerados compostos orgânicos voláteis. Sua função é suavizar a viscosidade para facilitar a aplicação e
manter a secagem homogênea.
Enquanto a tinta seca, os COVs
são liberados no ambiente.
Ainda não é possível saber, pelas embalagens dos produtos,
qual é a quantidade de compostos
que cada um tem. Mas Fazenda
fornece uma pista: "Quanto mais
brilho a tinta possui, mais solvente foi usado, portanto a presença
de COVs é maior do que nas que
não têm brilho".
Afirmar que uma tinta tem baixo odor não significa que esteja
isenta de COVs. Há casos, por
exemplo, em que tintas são feitas
com solventes desodorizados.
Outro componente nocivo que
pode ser encontrado em algumas
tintas é o chumbo, que prejudica
o fígado e o sistema nervoso central. "Isso ocorre em algumas cores de alguns produtos, como
amarelos e verdes, em esmaltes e
tintas a óleo, nunca nas à base de
água", esclarece Fazenda.
Para combater o problema, há
um projeto de lei, ainda em tramitação na Câmara dos Deputados,
que fixa em 0,06% o nível máximo
de chumbo nas tintas. "Um esmalte sintético pode ter 7%, 8%
de chumbo, quantidade muito
elevada", diz Fazenda.
Sem COVs
A boa notícia é que, no setor de
tintas, já há dois fabricantes de
produtos naturais, isentos de
COVs. A Primamatéria produz
uma tinta à base de terra (e que leva apenas uma pequena quantidade de cola PVA), e o Espaço
Ecológica tem duas opções, minerais (leia mais no quadro acima).
Mas não é só a parede que pede
cuidados. Para proteger a madeira do piso, o mais indicado é abrir
mão de vernizes, que têm COVs, e
adotar ceras e resinas que não
contenham esses elementos.
Isso significa adotar receitas
mais naturais. "A mistura de cera
de carnaúba com óleo de linhaça é
muito boa", sugere Araújo.
"Óleos e resinas vegetais penetram na madeira, não formam
apenas uma película externa. Por
isso se adaptam aos movimentos
dela e o revestimento não sofre
fissuras nem precisa ser lixado na
manutenção", diz Luis Baleriola,
gerente da Ecoquimia, fabricante
espanhola de produtos naturais.
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