Cuidados requeridos são grandes, mas produtividade está mais para a degustação que para a comilança

DA REPORTAGEM LOCAL

Para comer uma salada de alface colhida diretamente do pé, não é preciso morar em casa com quintal: apartamentos também podem hospedar hortaliças, que migram de canteiros para vasos e jardineiras.
Antes de correr à casa de jardinagem para comprar os ingredientes da horta-orgânicos, da terra às mudas- e de colocar a mão na terra (veja passo-a-passo ao lado), preveja um canto iluminado e arejado para instalar os vasos.
"Pode ser na varanda ou em uma janela onde bata sol apenas algumas horas por dia", indica a engenheira agrônoma Ângela Cristina Rossi, 34, do Tatuapé Garden.
Quem ainda não tem intimidade com o miniarado pode começar plantando espécies mais rústicas, como espinafre e rúcula, que pedem menos cuidados. Após a primeira colheita, podem-se tentar outras verduras, como alface e almeirão, e, no estágio seguinte, cenoura, beterraba, berinjela, pimentão, tomate e morango.
Se deu água na boca, fique avisado de que a produtividade não é abundante. Os tamanhos das folhas e dos frutos costumam ser bem menores do que os encontrados no sacolão.
Isso acontece porque a extensão de terra e a profundidade dos recipientes são miniaturizados em relação a uma horta de quintal. Até os formatos podem variar, como no caso das raízes: sem espaço para crescer longitudinalmente, as cebolas tendem a tomar forma esférica.
"É uma boa oportunidade para conhecer o ritmo e as possibilidades da natureza. Hortaliças exigem mais dedicação do que temperos", conclui a professora de ioga Heloisa Benichio, 24, que tem uma horta na sacada de seu apartamento.

Manutenção
Para saborear uma horta viçosa, é preciso colocar a mão na terra diariamente.
Não há fórmula para freqüência e quantidade da rega. Em dias quentes ou secos, a planta costuma sentir mais sede, mas cuidado com o excesso de água, que é um meio para a proliferação de fungos.
"É preciso pôr os dedos na terra para sentir a umidade e dosar a necessidade de água", fala o engenheiro agrônomo Marcelo Noronha, 30, da Minha Horta.
Use regador de chuveirinho para distribuir a quantidade de água e suavizar a rega. E esvazie o prato sempre que exagerar.
Já a exposição ao sol pode ser medida: cerca de cinco horas diárias à meia-sombra.
A freqüência da adubação é mensal. Use farinha de osso, torta de mamona ou húmus, aproveitando para arar a terra -use preferencialmente as próprias mãos para isso.
Observe a plantação, à cata de folhas secas -corte-as com uma tesourinha- e bichos, como pulgão, cochonilha e formiga. Inseticidas orgânicos, para combater pragas, devem ser usados preventivamente todo mês. (DÉBORA FANTINI)