São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

Próximo Texto | Índice

ENGENHARIA

Reforma custou R$ 80 mil para cada condômino; os apartamentos valiam R$ 550 mil e hoje há um à venda por R$ 2,1 milhões

SP ganha 1º prédio velho com varanda nova

ISABELLE SOMMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Ninguém mais está condenado a morar em caixotes sem graça em São Paulo. A cidade acaba de ganhar o primeiro edifício em que varandas foram instaladas décadas após a conclusão do prédio.
Trata-se do edifício Marambaia, na alameda Franca (zona oeste). Após dois anos e meio entre reuniões, execução e aprovação do projeto na prefeitura, além da reforma, cada um dos 20 apartamentos incorporou duas varandas: uma de 40 m2 e outra de 8 m2.
"É o primeiro projeto aprovado na prefeitura com esse tipo de intervenção", afirma Roberto Candusso, o arquiteto responsável pela realização do projeto.
"Acompanhamos mais de 600 processos por ano, todos de edifícios residenciais. Não me lembro de outro igual a esse", declara Arlete dos Anjos Grespan, diretora da Divisão de Edifícios Residenciais do Aprove 1, da Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sehab).
Cada apartamento, de 400 m2, ganhou espaço, a sala ficou mais iluminada, a fachada rejuvenesceu e as unidades se valorizaram. Cesário Ascensão da Silva, gerente da imobiliária Ricardo Tayar, confirma que o valor de um apartamento no prédio está em torno de R$ 2 milhões. "Uma unidade do 15º andar foi colocada à venda por R$ 2,1 milhões."

Mãos à obra
A primeira providência do arquiteto foi verificar se o terreno tinha recuo suficiente.
Os condôminos aprovaram a mudança e Candusso consultou o arquiteto que projetou o edifício. Após receber o endosso dele, o projeto ainda tinha de passar pelo crivo da Sehab. Com a autorização, as obras tiveram início. Cada morador pagou R$ 80 mil.
Para sustentar os terraços, dois pilares externos do edifício ganharam reforço. Outros dois também tiveram de ser instalados.
A estrutura dos terraços é metálica e foi instalada com a ajuda de guindaste. Ela foi recoberta com "reboton", material fino e leve que permite a entrada e a secagem da água da chuva, também usado em toda a fachada do edifício.
Uma super-reforma como essa, que mexe na estrutura do prédio, também chamada de retrofit, precisa ser avaliada. O engenheiro e consultor Alberto Horn, da Jones Lang LaSalle, empresa de assessoria imobiliária, não recomendaria as varandas no Marambaia por causa da idade do edifício.
De acordo com Horn, o retrofit não é recomendável em prédios com mais de 15 anos. "Para autorizar o retrofit, a legislação exige escadas de emergência, acesso a deficientes, coisas desse tipo. E isso encarece muito a obra."
Além de novo, o prédio deve estar em um bairro ou em uma região valorizada. "Deve ser feito um balanço entre o valor de mercado de um apartamento novo e o de um reformado."


Próximo Texto: Raio X do edifício
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.