São Paulo, domingo, 28 de julho de 2002

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SEGURANÇA

Um cômodo inexpugnável custa de R$ 10 mil a R$ 400 mil, preços que não afugentam os potenciais clientes

Empresas erguem esconderijo caseiro contra os bandidos

NATHALIA BARBOZA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

É o esconde-esconde mais caro do mundo. Custa até R$ 400 mil e não sai por menos de R$ 10 mil, mas vem ganhando um número cada vez maior de adeptos. São os "bunkers", espécies de câmaras secretas invioláveis usadas como abrigo em casos de invasões.
É o que os números demonstram. "Durante o ano de 1999, quando começamos a lidar com isso, construímos quatro ou cinco "bunkers". Hoje, executamos mais de um por mês", afirma Ernesto Bitran, 26, diretor-executivo da VP Consultoria em Segurança.
"Sai por volta de R$ 800 o m2. Muitas vezes, o resgate custa muita mais do que isso", calcula César Manuel Ferrage de Brito, 46, arquiteto do departamento de engenharia e projetos da Pires, empresa que começou a levantar os "safety rooms" (quartos de segurança) há um ano. Hoje, atende até cinco pedidos mensais.
June Hi Lee, gerente comercial da Mul-T-Lock, empresa israelense especialista em barreiras físicas, diz que a procura por ""bunkers" no Brasil segue uma tendência mundial de enclausuramento -ou "cocooning"- e que cresceu após o ataque aos EUA, em 11 de setembro passado.
Pode parecer paranóia decorrente da violência nas metrópoles, mas o fato é que não são só Madonnas e Arafats temem explosões, invasões e sequestros.
"Antes, o "bunker" era coisa de empresários e banqueiros. Hoje, até a classe média alta que tem carro importado já tem acesso a ele", constata Bitran.

Enquanto a polícia não vem
A blindagem residencial é medida por tempo de capacidade de resistência à agressão enquanto a polícia não chega. Em geral, pode ser de uma, duas ou até seis horas.
Os projetos partem da análise de risco do cliente, que pode morar em apartamentos ou em casas. Com base no grau de segurança necessário, o ""bunker" é erguido. Um bom quarto de segurança precisa ter toda proteção balística que o cliente puder comprar.
A arquiteta Claudia Krakowiak, 25, que trabalha em parceria com a VP em projetos de ""bunkers", explica que sua missão é harmonizar os equipamentos de segurança e a decoração, para que o local não tenha a aparência de cofre e não seja facilmente percebido. "As portas de segurança são frequentemente revestidas e pintadas", exemplifica. O objetivo é enganar os olhos do ladrão.
"Metade da eficiência do "bunker" desaparece se ele não estiver disfarçado", justifica o arquiteto Luciano Graber, 50, que trabalha como consultor de segurança.
Principalmente nos edifícios, é sempre bom consultar o engenheiro responsável pela edificação. "Um "bunker" é muito pesado", lembra Krakowiak.



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