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Obama implanta agenda para mudar rumo dos EUA
LUCIANA COELHO
EDITORA-ADJUNTA DE MUNDO
História não se avalia a quente, mas a semana que passou
nos EUA tem boa chance de ir
parar em livros, salas de aulas e
discursos políticos futuros. Em
um espaço de quatro dias, Barack Obama mostrou a que veio
e pôs em curso a agenda de governo mais ousada da história
recente (no mínimo) dos EUA.
Se havia dúvida de que ele
buscaria um governo de fato
progressista -e para citar Joe,
o Encanador, era um redistribuidor de riquezas-, a resposta
veio sutil como uma avalanche.
O presidente abriu alas com o
discurso ao Congresso, quando
pediu confiança a legisladores e
eleitores, requisitou sacrifícios
e preveniu que medidas impopulares eram precisas para salvar a economia -mas prometeu que os pacotes de custos astronômicos visavam "ajudar
pessoas", não bancos.
Dois dias depois, ao propor
seu Orçamento, aumentou os
impostos para os 2% mais ricos
da população e inverteu prioridades, contendo a escalada de
gastos com defesa e ampliando
a verba para saúde e educação,
além de privilegiar ambiente.
Tudo sob o espectro da pior crise econômica em sete décadas.
Com isso, rompeu não só
com a gestão do antecessor,
mas com quase 30 anos de política fiscal conservadora, iniciada em 1981 com o enterro do
"governo grande" por Ronald
Reagan e perpetuada por todos
os que vieram desde então.
Terminou a semana catártica
marcando para 2011 a saída do
último soldado americano do
Iraque -o fim oficial da guerra
iniciada a falso pretexto em
2003 por Bush- e anunciando
a quase-estatização do que já
foi o maior banco do país, o Citibank, que agora tem 36% de
seu capital na mão do governo.
Tudo, há de se lembrar, em
um país cujo espectro político
pende à direita e onde menções
a um maior papel do Estado são
vistas com temor e censura.
Com sua aprovação em 67%,
capital político para levar a cabo essa agenda Obama tem -é
preciso ainda persuadir o Congresso. Quanto à viabilidade de
tanta ousadia, os EUA estão pagando para ver. Trilhões.
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