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Bush aprova socorro e crise seca crédito no país
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A um mês da eleição nos
EUA, o presidente George W.
Bush conseguiu aprovar o pacote de socorro ao sistema financeiro, cuja implementação
seguirá a cargo de seu sucessor
e que deve se transformar no
mais novo e duradouro foco de
incertezas dos mercados.
Incerteza essa que remonta à
questão mais antiga da economia, motivo de paixões e intrigas, que é o preço.
Quanto vale hoje uma dívida
original de 20 anos de US$ 1 milhão, que financiou uma casa
que já custou esse valor, mas
que não tem comprador nem
por US$ 800 mil e o mutuário
-desempregado e ilegal no
país- já pagou US$ 60 mil? Se
tivesse comprador no mercado
-não há, por isso o sistema financeiro precisa do Tesouro-,
essa dívida hoje seria de US$
750 mil, menos do que a casa.
Se o Tesouro pagar US$ 1 milhão, dará um prêmio ao banco
imprudente, que já perdeu os
juros de 20 anos da dívida. Se
der só os US$ 750 mil, só terá
resolvido o problema de caixa
do banco, que já assumiu US$
400 mil de prejuízo contábil.
Ou seja, o preço deverá ser algo
entre esses dois mundos.
O mais provável é que o Tesouro faça leilões por lotes de
dívidas de risco semelhante.
Mas como classificá-los? E como será a execução de hipotecas (que ficará mais branda) e
as cobranças que permitirão diminuir o prejuízo do Tesouro?
São questões para a próxima
fase da crise. Etapa que coincidirá com os efeitos na economia real que começam sempre
com consumo e renda menores, queda nos preços de commodities, desemprego e fome.
No Brasil, as incertezas travaram o mercado de crédito na
semana passada, que trabalhou
com taxas altíssimas e prazos
curtos. Na dúvida, bancos preferiram não emprestar mesmo
para empresas grandes.
Para reverter a paralisia no
crédito, que pegou em cheio os
bancos pequenos, o Banco Central flexibilizou pela segunda
vez os compulsórios para os
bancos que comprarem créditos de instituições menores.
Na semana que terminou
exatamente no ponto que começou, com a votação do pacote na Câmara dos EUA, a Bolsa
de Nova York perdeu 7,34% e a
Bovespa, 4,28%. O dólar subiu
10% e voltou a R$ 2,046, após
disparar 30% em dois meses.
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