São Paulo, domingo, 08 de junho de 2008

Obama é 1º negro com chance de se eleger nos EUA

LUCIANA COELHO
EDITORA-ADJUNTA DE MUNDO

Foram 16 meses de campanha, 56 prévias estaduais em cinco extenuantes meses e uma profusão de números, regras e nomenclaturas que cansaram até os mais dedicados observadores da política norte-americana. Mas, finalmente, na noite da última terça-feira, Barack Obama entrou para a memória coletiva como o primeiro negro com chances de chegar à Casa Branca. Aos 46 anos, foi extra-oficialmente consagrado candidato do Partido Democrata a suceder George W. Bush.
Sim, extra-oficialmente, pois a candidatura de fato ele terá só no fim de agosto, quando os democratas se reúnem em Denver para a coroação. Será então a largada da disputa contra o republicano John McCain, para a qual ambos já vêm esquentando motores desde que ficou claro que o senador de Illinois seria o nome do partido de oposição em 4 de novembro.
Nesse triunfo histórico, mora ainda a derrota de Hillary Clinton e da incrível máquina montada por ela e pelo marido/ex-presidente Bill Clinton para assegurar o domínio do partido. Antes favorita, a senadora procrastinou o que pôde para admitir que perdeu, disparou tiros num fogo amigo que pode chamuscar as chances dos democratas e segue rondando o ex-rival como um fantasma que lhe puxa a perna toda noite.
Cabe a Obama agora mostrar que tem estofo seu discurso hipnótico, ao qual eleitores -sobretudo jovens, negros, os mais estudados e os moradores das cidades costeiras- parecem reagir como os camundongos ao flautista de Hamelin.
É preciso atrair o operário branco, o latino, a mulher mais velha e o maníaco por segurança nacional que olha desconfiado um sujeito neto de muçulmano, com Hussein no nome e que viveu quatro anos da infância na Indonésia. Transmutado em candidato, já endureceu a fala, e deu pistas de que sua proposta de mudança pode, afinal, não ser tão diferente assim.
De toda forma, será uma corrida pouco usual, na qual os favoritos caíram nas prévias e consagraram-se os políticos menos ortodoxos de cada lado. Talvez só assim para agüentar mais cinco meses de disputa.


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