São Paulo, domingo, 11 de abril de 2010

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Caos e mortes no Rio revelam omissão do poder público

Rafael Andrade - 7.abr.10/Folha Imagem
Valmir Mata carrega o corpo do filho no morro dos Prazeres, no Rio; o garoto foi atingido por dois deslizamentos e não resistiu


ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

A chuva recorde que atingiu o Rio entre a noite de segunda e a manhã de terça-feira expôs a ineficiência e a omissão do poder público. Deslizamentos na região metropolitana da capital causaram mais de 200 mortes.
Em 24 horas, choveu 288 mm, 62% acima da média para todo o mês de abril.
A maioria das mortes ocorreu em favelas sobre encostas dos morros de Rio e Niterói. Nesta última, uma comunidade ergueu-se, com apoio do poder público, sobre um lixão desativado. Notificada dos riscos, a Prefeitura de Niterói nada fez.
No Rio, a tragédia acometeu regiões que o programa Favela-Bairro, elogiado internacionalmente, havia urbanizado. Mas, sem manutenção adequada, parte das obras terá de ser refeita. Seus defensores afirmam que ele evitou tragédia maior.
Carros e ônibus ficaram presos em vias de acesso ao centro, sem poder ir ou voltar. Trens não chegaram a seu destino. Serviços e empresas privados e públicos pararam na terça.
Durante a chuva intermitente nos dias seguintes, as equipes de resgate tentavam retirar sobreviventes dos escombros do morro dos Prazeres, no Rio, e de outros locais. Na quarta, quando se fechava a conta dos mortos, o morro do Bumba, em Niterói, implodiu no lixão sobre o qual pessoas viviam.
As mortes reacenderam o debate sobre remoções de favelas. Mas as prefeituras aguardam a concretização das unidades do programa federal Minha Casa, Minha Vida para superar soluções paliativas de habitação.
Foram prometidos R$ 200 milhões para as cidades afetadas. Porém Angra dos Reis, onde mais de 50 pessoas morreram no Réveillon, esperou três meses po verba emergencial. Ironicamente, ela chegou na semana dessa nova tragédia.


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