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Governo Lula declara preferência por caça francês e cria mal-estar com EUA e Suécia
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Ao fechar com a França o
maior contrato militar da história brasileira, de R$ 22,5 bilhões, na área de submarinos e
helicópteros, o governo gerou
uma onda de mal-estar ao também anunciar a preferência pelo avião Rafale, da francesa
Dassault, para renovar a frota
da Força Aérea Brasileira.
Diante da repercussão aqui e
lá fora, já que que o relatório
técnico da Aeronáutica nem
concluído está, o Ministério da
Defesa teve de lançar nota na
terça, dia seguinte ao do comunicado, dando o dito pelo não
dito. Disse que o processo de
seleção não tinha terminado e
que, portanto, os outros candidatos, o F-18 da Boeing (EUA) e
o Gripen NG da Saab (Suécia),
continuavam na disputa.
A partir daí, a semana foi tomada por manifestações explícitas de apoio do governo -Defesa, Itamaraty e Planalto- à
proposta francesa. E, como reação, por declarações dos EUA e
da Suécia em defesa de seus
produtos. O negócio dos caças
pode chegar a R$ 10 bilhões.
No meio do fogo cruzado, a
Aeronáutica evitou declarar
sua preferência. À Folha o comandante da Força, Juniti Saito, defendeu o processo de análise técnica, mas admitiu que a
decisão é política e estratégica
-em última instância, de Lula.
O clima de pressão tende a
aumentar até o dia 21, quando
comissão da Aeronáutica encerra a coleta de propostas para fechar o relatório. Há dúvidas, porém, se o trabalho terá
algum peso na decisão de Lula,
que tende a favor do Rafale.
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