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Consumo das famílias atenua, mas não impede que Brasil entre em recessão
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil empobreceu pelo segundo trimestre consecutivo, o
que, por uma tradição conhecida no mundo todo, significa
uma crise grave o bastante para
ser chamada de recessão.
Mas, segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística, as
perdas até o momento são muito mais intensas para grandes
empresas do que para a maioria
das famílias -coincidência ou
não, o Datafolha já mostrava
que a aprovação do presidente
Lula havia voltado a subir.
Enquanto as vendas ao exterior, as obras da construção civil e as compras de máquinas e
equipamentos se mantêm em
queda livre desde o ano passado, as compras do dia-a-dia, os
salários e a procura por serviços básicos como educação e
saúde começaram a se reerguer
nos últimos meses, embora a
taxas modestas.
Soma de toda a riqueza gerada na indústria, na agropecuária, no comércio e nos serviços,
o Produto Interno Bruto, que já
havia caído 3,6% no quarto trimestre de 2008, sofreu outra
queda, de 0,8%, entre janeiro e
março deste ano. A perda acumulada de 4,4% é a maior desde
o Plano Collor, em 1990, e levou
a renda do país de volta ao patamar de dois anos atrás.
Graças ao aumento do consumo, também impulsionado
pelos gastos do governo e o reajuste do salário mínimo, o resultado mais recente do PIB foi
melhor do que o previsto pela
maior parte dos especialistas e
acabou comemorado pelos ministérios econômicos.
No entanto, como os investimentos ainda não deram sinal
de recuperação, permanece a
incerteza sobre quando e se a
produção e a renda retomarão
o ritmo de crescimento do período pré-recessão, o melhor
desde o Plano Real.
Não por acaso, o Banco Central baixou seus juros de
10,25% para 9,25% ao ano, uma
queda superior à esperada -e
sinal de que não está tão
otimista com a retomada
da economia.
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