São Paulo, domingo, 14 de junho de 2009


Consumo das famílias atenua, mas não impede que Brasil entre em recessão

GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil empobreceu pelo segundo trimestre consecutivo, o que, por uma tradição conhecida no mundo todo, significa uma crise grave o bastante para ser chamada de recessão.
Mas, segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, as perdas até o momento são muito mais intensas para grandes empresas do que para a maioria das famílias -coincidência ou não, o Datafolha já mostrava que a aprovação do presidente Lula havia voltado a subir.
Enquanto as vendas ao exterior, as obras da construção civil e as compras de máquinas e equipamentos se mantêm em queda livre desde o ano passado, as compras do dia-a-dia, os salários e a procura por serviços básicos como educação e saúde começaram a se reerguer nos últimos meses, embora a taxas modestas.
Soma de toda a riqueza gerada na indústria, na agropecuária, no comércio e nos serviços, o Produto Interno Bruto, que já havia caído 3,6% no quarto trimestre de 2008, sofreu outra queda, de 0,8%, entre janeiro e março deste ano. A perda acumulada de 4,4% é a maior desde o Plano Collor, em 1990, e levou a renda do país de volta ao patamar de dois anos atrás.
Graças ao aumento do consumo, também impulsionado pelos gastos do governo e o reajuste do salário mínimo, o resultado mais recente do PIB foi melhor do que o previsto pela maior parte dos especialistas e acabou comemorado pelos ministérios econômicos.
No entanto, como os investimentos ainda não deram sinal de recuperação, permanece a incerteza sobre quando e se a produção e a renda retomarão o ritmo de crescimento do período pré-recessão, o melhor desde o Plano Real.
Não por acaso, o Banco Central baixou seus juros de 10,25% para 9,25% ao ano, uma queda superior à esperada -e sinal de que não está tão otimista com a retomada da economia.


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